Cresce no país consumo de camarão criado em cativeiro

09/02/2008 - 19h02

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O consumo do camarãode cultivo (carcinicultura) foi multiplicado por cinco no Brasil nosúltimos anos. De acordo com o diretor de Comercializaçãoda Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidênciada República, Guilherme Crispim, apenas 10% dessa espéciede camarão ficavam no país em 2003, e agora de 60% a70% são comercializados internamente. “Então euimagino que esse consumo quintuplicou no período de trêsanos”, disse Crispim.O Rio de Janeiro,segundo a Associação de Pregoeiros de Pescados do Riode Janeiro (Appaerj), apresenta um dos mais elevados consumos decamarão cinza do país, equivalente a 23 quilos percapita por ano.Crispim disse que asecretaria vê com bons olhos o direcionamento do produto para omercado interno. “A gente vê a importância de exportar,de gerar divisas para o país. Mas é muito importanteque o consumo de pescado no Brasil aumente, e que a cadeia produtivase desenvolva equilibrada em dois pilares, o da exportaçãoe o do mercado interno”, afirmou o diretor. Na avaliaçãode Crispim, o mercado interno se fortaleceu devido àsflutuações cambiais e econômicas.A carciniculturacomeçou a crescer no Nordeste principalmente, além dosestados do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de SantaCatarina, a partir de 1998, baseado no mercado exportador. E o setorexperimentou um aumento exponencial até 2003, quando osEstados Unidos abriram uma ação antidumping (deproteção à indústria nacional) contra osseis maiores exportadores mundiais de camarão, entre eles oBrasil.De acordo com Crispim,essa ação inviabilizou as exportaçõesbrasileiras de camarão para os Estados Unidos, que foramdirecionadas para o mercado europeu. Com a valorizaçãodo real frente ao dólar e ao euro, ainda de acordo comCrispim, a exportação começou a se tornar menoslucrativa.O produtor se tornouentão mais eficiente na produção de camarão,concentrando seus esforços no mercado doméstico apartir de 2006. Esse processo foi consolidado ao longo de 2007,quando os camarões estavam sendo vendidos abaixo do preçode custo, e se mantém hoje, explicou Crispim. O presidente daAssociação Brasileira de Criadores de Camarão(ABCC), Itamar de Paiva Rocha, prevê que a tendência éde aumento da produção do camarão de cativeirono país, por causa da capacidade ociosa.Segundo Itamar, oBrasil já chegou a produzir 90 mil toneladas de camarãocinza em 2003, mas com a crise cambial a produçãobaseada na exportação sofreu uma redução,sendo direcionada para o mercado interno. “E a gente estádescobrindo que tem condições de competitividade nessemercado em relação às principais carnesvermelhas, em relação ao salmão e ao bacalhau”,afirmou.Hoje o Brasil importacerca de 30 mil toneladas de salmão e 20 mil toneladas debacalhau por ano.Segundo Itamar, em 2003o setor vendeu 18 mil toneladas de camarão de cultivo nomercado interno. Já no ano passado, esse número subiupara 50 mil toneladas. “Ou seja, 76% da nossa produçãoficaram no mercado interno. E nós acreditamos que cada vezmais, com os investimentos que estão sendo feitos emtecnologia, em processamento, nós vamos conquistar uma fatiamaior do mercado interno”. Itamar disse que osetor dispõe atualmente da mais moderna tecnologia paraexploração e cultivo do camarão, de modo agarantir maior qualidade ao produto. E destacou que o processo éfeito com respeito ao meio ambiente, “para produzir um alimentosaudável, em condições de competitividade depreço, para ampliar ainda mais sua participaçãono mercado interno”.