PM afasta policiais que comandavam ação no dia do confronto com o Galinho

07/02/2008 - 13h02

Elaine Borges
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - Atéque a investigação da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) sejaconcluída, os três oficiais que estavam no comando da Operação Carnavalna Entrequadra 203/204 Sul, na última segunda-feira (4), ficarãoafastados de suas atividades. Segundo o comandante-geral da PM, coronelAntônio Serra, a medida foi tomada para dar transparência ao processo epara que os policiais tenham tempo de preparar sua defesa ou explicarmelhor o que fizeram, se for preciso.O tumulto na entrequadraocorreu por volta das 20h30, duas horas depois da saída dobloco carnavalesco Galinho de Brasília. Foliões que não acompanharam o bloco e permaneceram ali foram retirados do local por policiais que dispararam tiros de festim, balas de borracha, spray de pimenta e até bombas de gás lacrimogêneo. Na confusão, quatro pessoas foram presas e muitas ficaram feridas.A Polícia queria a desocupação da rua para liberar o trânsito e atender, segundo o coronel Serra, a mais de cem ligações de moradores incomodados com o barulho que os foliões faziam. Serra disse que os policiais agiram daquela forma porque os foliões estavam resistindo e, como faltavam os equipamentos necessários para combater a ação deles, os policiais tiveram de usar produtos químicos. O coronel lembrou que a polícia pediu até a ajuda do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para resolver o problema, o que, segundo ele, só foi feito porque havia um tenente em situação de risco. "O problema é que houve fechamento de rua sem autorização. A partir desse momento, deve-se fazer uma análise muito bem feita para saber se deve-se agir ou não. O comandante, na hora em que atua, tem duas vias de ação: ou ele pode desobstruir, ou ele pode deixar. Só que, se ele deixar, também pode estar incorrendo em omissão, mas, às vezes, ele analisa: 'Se eu agir para cumprir a lei, pode haver lesão de muita gente, pode haver até morte', e aí o caso passa a ser um mal maior."De acordo com o coronel Serra, outra decisão que poderia ser tomada seria deixar a pista fechada, para evitar que se machucassem pessoas. "É uma decisão muito difícil na hora de ser tomada. Se ele [comandante] não age, está cometendo crime de omissão."A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputada Érica Kokay, considerou inadimissível a ação dos policiais pelo fato de terem colocado a vida de pessoas em risco. A deputada disse quea Comissão de Direitos Humanos vai colher todo o material possível e pretende fazer com que os três oficiais afastados da PM prestem depoimento na Câmara Legislativa."A Câmara Legislativa, dentro dos princípios do estado democrático, não pode admitir e deixar passar em brancas nuvens o abuso e a violência contra pessoas que queriam apenas o direito de se divertir. Isso nós não vimos nem durante a ditadura militar." Apesar de a Polícia ter o prazo de até 40 dias para concluir o inquérito, a expectativa é que o resultado saia em 15 dias.