Atingidos por enchente na região serrana do Rio podem sacar parte do FGTS

07/02/2008 - 20h23

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As pessoas que perderam ou tiveram as casas danificadas pela enchente que atingiu o distrito de Itaipava, em Petrópolis, na Região Serrana, poderão sacar parte de seu Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A decisão foi divulgada hoje (7) pela prefeitura de Petrópolis, viabilizada em acordo com a Caixa Econômica Federal.O saque ao fundo é possível graças à decretação de estado de emergência, feita pelo prefeito Rubens Bomtempo, na última segunda-feira (4). Com isso, os moradores que comprovarem perdas materiais em suas residências poderão retirar até R$ 2,6 mil.Cinco dias depois da tromba d´água que atingiu Itaipava, causando nove mortes e deixando 400 famílias desabrigadas, o quadro ainda é de muita sujeira e destruição no local. As ruas estão cobertas por lama, muitas barreiras ameaçam desabar e nas calçadas há montes de entulho, restos de móveis, utensílios domésticos, roupas, brinquedos e comida. Em menos de uma hora, o nível do Rio Santo Antônio subiu mais de cinco metros na madrugada de domingo e surpreendeu os moradores, como o marceneiro Paulo Cesar Rabelo, que conseguiu subir à laje da casa no bairro de Madame Machado, um dos mais atingidos. “Nós fomos salvos por milagre, foi tudo muito rápido. Quando eu vi, a enchente já estava chegando na minha porta e não deu tempo de fazer mais nada”, contou.Já as vizinhas Maria do Carmo e Lilian Rodrigues Pereira morreram soterradas quando suas casas foram atingidas por uma grande quantidade de terra que deslizou de um morro nos fundos. O pai de Lilian, José Rodrigues Pereira, lembrava que ela ficou presa das 2h30 às 7 horas. "Eu falei com ela até o último minuto. Se tivessem tirado na hora em que desabou, teriam salvado a vida dela, mas levou cinco horas para retirar a terra", disse. Outros moradores, como a aposentada Maria Magdalena da Silva, conseguiram escapar e salvar vidas: "Eu não conseguia dormir por causa dos trovões, fui para a varanda e só vi terra descendo. Corri e levei as crianças para cima da casa." O vizinho dela, contou, ficou preso nos escombros mas foi resgatado.Hoje, após reunião do prefeito com a secretária estadual de Trabalho e Renda, Benedita da Silva, e a presidente da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), Marilene Ramos, os locais mais atingidos foram vistoriados e começou o trabalho de limpeza e dragagem do rio, que custará R$ 700 mil. Segundo a prefeitura, cerca de 4 mil pessoas foram afetadas, direta ou indiretamente, pela chuva. Para a limpeza das ruas e remoção dos escombros, a estimativa é de que serão necessários R$ 2 milhões.