Às vésperas da eleição, Fidel defendeu voto em bloco em seus artigos

20/01/2008 - 18h41

Mylena Fiori
Enviada especial
Havana (Cuba) - Candidato a uma das 614 cadeiras na Assembléia Nacional do Poder Popular, o parlamento cubano, nas eleições de hoje (20), Fidel Castro está afastado de comícios desde julho de 2006, quando foi hospitalizado por complicações no aparelho intestinal. Mas nunca deixou de se comunicar com o povo cubano.Desde então, o presidente diz o que pensa (sobre produção de álcool a partir da cana-de-açúcar, giro de George W. Bush pelo Oriente Médio e outros assunto) por escrito, em cartas reproduzidas pelo jornal oficial do Partido Comunista, o Granma, e artigos chamados "reflexões de Fidel", publicados no mesmo jornal.No último domingo, uma semana antes das eleições, Fidel defendeu o voto único, pelo qual os 614 candidatos podem ser eleitos em bloco. "Sou um decidido partidário do voto único, foi o que nos permitiu evitar as tendências a copiar o que vinha do antigo campo socialista", justificou.Ontem, o tema voltou às páginas do Granma, num artigo de 29 de dezembro de 1997 em que Fidel defende o voto único e pede consciência ao povo cubano, que desde 1976 o conduz ao órgão máximo de poder. Hoje, os cubanos elegem os delegados das assembléias provinciais e os deputados da Assembléia Nacional."Não se pode apelar ao sentido de disciplina e não pode ser uma ordem, tem que ser uma convicção das pessoas", diz Fidel a respeito do polêmico sistema de votação proposto por ele em 1990. "O que importa é que cada um se sinta livre e atue pela consciência, porque está persuadido de que deve fazê-lo", reitera o líder cubano no artigo de 1997.Caso os cubanos repitam os pleitos anteriores e elejam a Assembléia Nacional em voto único (são necessários mais de 50% dos votos), Fidel será eleito, em bloco, com os demais 613 candidatos. Caberá aos colegas confirmá-lo, ou não, como presidente do Conselho de Estado - órgão máximo de poder em Cuba.