Cipriano Junior
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O subprocurador de Direitos Humanos do Ministério Públicoestadual, Leonardo Chaves, ouviu hoje (11), na Associação de Moradores do Morro daProvidência – no bairro da Gamboa, zona portuária da cidade –, denúncias de moradores contra policiais militares responsáveis pela segurança da Operação Cimento Social. As obras de reforma nas casas da área são realizadas por integrantes do Batalhão Escola de Engenharia do Exército e da Comissão Regional de Obras da 1ª Região Militar. Mas segundo a presidente da associação, Márcia Silva, "contra o pessoal da engenharia não há o que reclamar – os que fazem a segurança são responsáveis por casos isolados".Entre esses casos ela citou "abusos com as meninas novas, nas revistas, em blitz de carros, além de tiros para o alto que partiram de um jipe durante o ensaio técnico de uma escola de samba da comunidade". A assessoria do Comando Militar do Leste não quis comentar as denúncias. Segundo o subprocurador Leonardo Chaves, como o Exército é da área federal, o assunto não está sob sua competência. Mas ele se comprometeu a "ser a ponte entre a comunidade e o Ministério Público Federal". AOperação Cimento Social foi iniciada em dezembro passado, com o objetivo de reformar fachadas e telhados de 780 casas. O investimentoé de R$ 12 milhões. Na audiência de hoje, o subprocurador ouviu da família de Edson Neves Barbosa,de 16 anos, morto no dia 4, acusação à Polícia Militar do Rio de Janeiro de ter executado o jovem no Morro do Pinto, também na região portuária. Durante ação do 5º Batalhão da PM, outro adolescente de 14 anos foi ferido no abdômen e está internado no Hospital Souza Aguiar. Os policiais, segundo relato dos familiares, atiraram nos jovens depois de retirados do bar onde compravam refrigerante.O subprocurador disse que a denúncia e os indícios de execução não poderiam ser investigados por ele. "São declarações muito sérias, impactantes e que nós vamos apurar. Notei as pessoas muito intimidadas, com medo de certos setores da Polícia Militar", disse, em referência a declarações da mãe de Edson, Telma Neves.Ela negou que o filho estivesse armado: "Eu quero que o policial prove para mimque Edson estava fazendo algo de errado. Vai em Riachuelo [bairro do Riode Janeiro] perguntar quem era o Edson que vendia cloro e iogurte naPraia de Copacabana, que vendia salgado. Se ele for procurar saber, vaisaber quem era meu filho e vai saber que ele matou um inocente".O tenente-coronel Edvaldo Camelo, comandante do 5º Batalhão da PM, disse que os policiais dispararam em legítima defesa, depois que um dos jovens havia sacado uma arma. E informou que foi aberta sindicância interna para averiguar o caso.