Exército diz a militares que negociação para aumento salarial continua

11/01/2008 - 17h43

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Exército distribuiu para os militares na noite de ontem (10) uma nota informando o resultado da reunião dos comandantes das Forças Armadas com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Segundo a mensagem, assinada pelo comandante da Força, general Enzo Martins Peri, Jobim teria garantido a manutenção “dos entendimentos para o aumento salarial dos militares”.Ainda segundo a nota, o ministro teria dito que a concessão do reajuste havia sido definida com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e com o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto explica que Jobim aguarda apenas a votação da proposta orçamentária para este ano, o que deverá ocorrer no final da primeira quinzena de fevereiro.“Após a referida recomposição [orçamentária], serão definidas as condições para a concessão do reajuste”, garante a mensagem.Para a presidente da União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas (Unemfa), Ivone Luzardo, a nota distribuída pelo Exército "é conversa mole para acalmar os ânimos". "Desde outubro estamos aguardando e nada",  reclama Ivone.Procurada pela Agência Brasil, a assessoria do Ministério do Planejamento repetiu o que a Defesa já havia anunciado na última terça-feira (8): devido à extinção da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o governo está reavaliando suas receitas e despesas, bem como a necessidade de cortes no orçamento, de forma que os ministérios só poderão anunciar a possibilidade de conceder aumentos após saberem quanto dinheiro vão ter a disposição.Pelas contas do governo, o fim da CPMF subtraiu cerca de R$ 40 bilhões da arrecadação federal para 2008. O relator-geral do orçamento, deputado José Pimentel (PT-CE), só vai apresentar a nova proposta no dia 12 de fevereiro.Ontem mesmo, Bernardo afirmou que não há ambiente para discutir o reajuste de salário dos servidores públicos (civis e militares). De acordo com ele, com a perda de R$ 40 bilhões da CPMF, o governo ficou impossibilitado de conceder reajustes salariais."O orçamento prevê aproximadamente R$ 6,9 bilhões de despesas de pessoal. Contratação via concurso e de novos cargos. Mas nós nos consideramos absolutamente impedidos de fazer esse tipo de discussão. Se eu estou dizendo que preciso cortar e resolver um rombo de R$ 40 bilhões, eu não tenho como resolver essa coisa [reajuste salarial] agora. As pessoas vão achar que nós ficamos malucos", disse o ministro.A suspensão das negociações atingem a todos os servidores públicos, e não apenas aos militares. Na quarta-feira (9), o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que os cortes nas despesas não vão afetar os reajustes salariais já acertados com setores do funcionalismo público. “O governo irá honrar os compromissos que já firmou a respeito de reajustes salariais de servidores e aquilo que está em estudo será postergado até a votação do orçamento [da União para 2008]", disse o líder governista.