Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar dos números recordes do agronegócio em 2007, os produtores ainda não estão conseguindo recuperar as perdas dos últimos anos, mostrou hoje (13) pesquisa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo a entidade, o dólar abaixo de R$ 2, a degradação das estradas e dos portos e o encarecimento dos insumos estão comprometendo os ganhos do setor.“Tudo isso contribui para roubar a rentabilidade que deveria ficar no bolso do produtor e se perde no meio caminho”, afirmou o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta Ferreira.No primeiro trimestre do próximo ano, a CNA pretende concluir um amplo levantamento dos custos de produção agrícola em todo o país, por meio de 180 painéis de discussão. Os primeiros 60 realizados mostraram que os ganhos obtidos nos últimos dois anos foram suficientes apenas para que o produtor pagasse custos operacionais.“Ele consegue equilibrar suas contas e o fluxo de caixa fecha, mas não tem renda suficiente para cobrir depreciações e recuperar equipamentos”, explicou Cotta. “O resultado é que, na tentativa de recuperar o patrimônio, o produtor acaba tendo que recorrer aos bancos e gera endividamento.”Segundo a CNA, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio do país crescerá 5,5% em 2007 – no segmento específico da agropecuária, o aumento estimado é de 9%. Além disso, as exportações aumentaram quase 20%, e balança comercial do setor fechará o ano com superávit recorde de US$ 50 bilhões. A safra brasileira de grãos atingiu o nível inédito de 131,7 milhões de toneladas.Na avaliação da entidade, contribuíram para o panorama favorável do agronegócio o crescimento do mercado de biocombustíveis e a demanda dos países do leste asiático por produtos agropecuários, que sustentaram os preços internacionais.O superintendente aponta três medidas fundamentais para que o produtor seja, de fato, beneficiado pela conjuntura internacional favorável. A primeira delas é a melhoria em infra-estrutura, que poderia ser viabilizada com participação efetiva do setor privado em obras nas rodovias, ferrovias e adequações na estrutura portuária.“As intervenções seriam facilmente pagas pela economia que podem gerar para o setor produtivo”, avalia Cotta. O economista cita também como políticas fundamentais a oferta de defensivos genéricos no mercado e combate à concentração no comércio de fertilizantes. Pra a safra 2007/2008, a CNA prevê crescimento da safra de cana de açúcar de 11,1 %, podendo ultrapassar a marca de 547 milhões de toneladas. Desse total, 86% devem ser destinados ao setor sucroalcooleiro. A pecuária de corte tem perspectivas de crescimento, com o Brasil mantendo a liderança mundial das exportações de carne bovina. Já a pecuária de leite dependerá do comportamento da demanda mundial para tentar se recuperar da crise de imagem e de renda enfrentada neste ano.