Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro de RelaçõesInstitucionais, José Múcio, informou hoje (13) que ogoverno não tem a intenção de reapresentar aproposta da Contribuição Provisória sobreMovimentação Financeira (CPMF) ao Congresso Nacional.Segundo ele, por decisão democrática o Senado optou porencerrá-la a partir do dia 31 de dezembro deste ano. "A CPMF, pordecisão democrática do Senado, estará extinta apartir de janeiro. Evidentemente que ao longo da semana a equipeeconômica do governo vai pensar quais serão as medidasque deverão tomar para substituí-la". José Múcio,assim como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não quisadiantar quais serão as medidas a serem tomadas pelo governopara tapar o rombo nas contas públicas com a extinçãoda CPMF. "Não seique outro tipo de tributo, ou providência. Somente a equipeeconômica poderá responder isso", afirmou. Ele informou que cadaministro já está fazendo as avaliaçõesde onde podem ou não fazer cortes. "Eu tenho absolutacerteza que, conhecendo o presidente da República, que os maisnecessitados vão sofrer menos", disse.O ministro lembrou, noentanto, que faltam ao orçamento do país, com o fim dacobrança do chamado imposto do cheque, R$ 40 bilhões. "É muitodinheiro em qualquer país. São programas sociais queservem hoje às pessoas mais necessitadas do país, são100 milhões de brasileiros que são atendidos pelo SUS[Sistema Único de Saúde]. Evidentemente que oBrasil amanheceu surpreendido com isso".O ministro JoséMúcio reafirmou que a disputa em torno da CPMF foi política."De repente nósnos vimos surpreendidos por uma batalha política. Existem doisgrupos de brasileiros, aqueles que trabalham pelo quanto melhor,melhor, e aqueles que preferem quanto pior, melhor".A derrota no Plenáriodo Senado, segundo destacou o articulador político do governo,serviu como experiência para o Palácio do Planalto. "Muitas vezes paraaprender a vencer, a gente precisa perder algumas vezes. Acho que éuma lição política. Acho que nos encaminha parauma reavaliação de forças. Nós precisamosrepensar as nossas relações com o Senado, masdemocratas que somos, temos de acatar a decisão do Senado".O ministro reconheceuque "o governo talvez tenha errado porque tenha subestimado,porque tenha levado essa discussão até o final do ano,mas de repente nós nos deparamos com uma briga política,com uma briga de partidos".O ministro admite quepara melhorar a relação com o Senado, e assim evitarcasos semelhantes como o da CPMF, o governo precisaráreconstruir "pontes" e ouvir um pouco mais os senadores,tanto os da oposição quanto os da base aliada. "Em cima do fatode nós termos perdido para nós mesmos, nósprecisamos fazer uma reavaliação das nossas relaçõescom o grupo que nos representa no Congresso Nacional", disse.José Múcioinformou que não conversou hoje pela manhã com opresidente Lula, que está na Venezuela, mas garantiu que opresidente está otimista. "Ele acreditamuito na força do país. Aliás, uma das melhorescaracterísticas do presidente é que ele não éum homem de queixas. Ele acredita tanto nesse país, queamanheceu otimista".O ministro participoude uma reunião no Palácio do Planalto com aministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e os ministros daFazenda, Guido Mantega; do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Saúde,José Gomes Temporão. No encontro, elesavaliaram os impactos da rejeição pelo Senado, namadrugada de hoje (13), da proposta de prorrogação daCPMF.