Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro de Relações Institucionais, José Múcio, reconheceu que o resultado da votação hoje (13) da proposta de emenda à Constituição que prorrogava a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 2011 foi desfavorável ao governo. No entanto, ele disse receber a notícia "com serenidade"."Mas sabendo que essa foi uma derrota de muitos brasileiros que são atendidos hoje pelo recurso proveniente da CPMF. Evidentemente que todos vão ter que arcar com a responsabilidade, com o voto de cada um. O governo também com a sua parte", afirmou, em entrevista no Palácio do Planalto. "Lamentamos profundamente que a questão tenha sido politizada. Houve uma separação se era vitória do governo ou da oposição, esquecendo-se do tamanho da sociedade brasileira que tinha benefícios que eram atendidos pela CPMF", acrescentou.Questionado sobre qual seria o 'plano B' do governo sem a CPMF, Múcio voltou a afirmar que cada um terá que arcar com a sua responsabilidade. O governo estimava arrecadar R$ 40 bilhões com o imposto no ano que vem."Evidentemente que amanhã será outro dia e vamos procurar as soluções. Saber aonde vamos ter que promover os cortes. Isso atingirá estados e municípios, mas temos a absoluta tranqüilidade de que o governo terá que procurar novos caminhos para que esses brasileiros não fiquem desassistidos".O ministro não quis adiantar nenhuma medida que o governo pretende tomar agora. "É cedo para se dizer qualquer coisa. Estamos recebendo o resultado agora. Nós não tivemos ainda nenhum contato com os ministros responsáveis pela área e somente a partir de amanhã é que vamos saber quais serão as primeiras providências".Ao ser indagado se o governo tem a intenção de reapresentar a CPMF nosmoldes propostos na noite de ontem (12), ele disse que a idéia não éessa. "Eu imagino, e vou ouvir os ministros da área econômica, que talvez,tenha que se dar uma solução diferente, mais emergencial, tratar comceleridade da questão da reforma tributária".Múcio disse, ainda, que o governo tirou algumas lições "importantes" dessa derrota. "Primeiro precisamos estreitar as nossas relações com o Senado. Precisamos ser mais parceiros dessa queda de braço. É ruim para o país, para o governo, para o Legislativo. Segundo, a necessidade de se ter uma reforma tributária, para que essas coisas periódicas ou transitórias não nos promovam a surpresa que nos promoveram essa noite". O ministro afirmou que o governo tem a "consciência tranqüila" de ter tentado o diálogo com a oposição e a base aliada nos últimos dias. "Tentamos o acordo, mas de repente nos deparamos mais com uma disputa política do que com a procura de um caminho que apontasse para um benefício para a sociedade".Por fim, ele informou que manteve contatos até a meia-noite com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi para o Palácio da Alvorada por volta das 20 horas de ontems. "Ele estava absolutamente sereno e, democrata como é, amanhã absorverá com tranqüilidade o resultado do Senado".