Relatório internacional recomenda aleitamento materno para prevenir o câncer

27/11/2007 - 14h57

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida pode ser uma forma de prevenir o câncer. Essa é uma das conclusões apresentadas no relatório financiado pelo Fundo Mundial para a Pesquisa emCâncer divulgado hoje (27), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Nacional de Câncer(Inca). Para a coordenadora da área de alimentação e saúde do Inca, Sueli Couto, essa é uma das maiores novidades do estudo.Segundo ela, as pesquisas apontamevidências muito fortes da relação entre a amamentação e o câncer. “Oaleitamento materno evita a desnutrição infantil, que aumenta os riscos deobesidade na idade adulta, e a obesidade está intimamente relacionada com odesenvolvimento do câncer”, explicou Couto, lembrando que a amamentação tambémprevine os tumores de mama nas mães.De acordo com a nutricionista, 30%dos casos de câncer poderiam ser evitados, com estilos de vida mais saudáveis,já que vários tipos da doença - como os de estômago, boca, esôfago, mama,intestino e próstata - estão diretamente relacionados à alimentação, nutrição eatividade física.Eladestacou, no entanto, que as mudanças de hábitos são difíceis, pois envolvemvários fatores, simbólicos e culturais, que vão além da informação sobre aexposição aos riscos da doença.“Éum misto de fatores. A informação é importante, mas não é suficiente para mudarcomportamento, para alterar os hábitos alimentares. Se fosse suficiente, profissionaisde saúde não adoeceriam", disse a nutricionista."Na verdade, o alimento vem cheio de simbolismo e dainfluência do ambiente, da mídia, da cultura local. Existem muitos fatores queinfluenciam o comportamento do indivíduo”, argumentou.Para Couto, essa realidade aponta a necessidade do desenvolvimento de ações de prevenção voltadas ao estímulo da alimentação saudáveldesde o início do ciclo de vida. “Como aumento da expectativa de vida, cresceu a incidência de câncer, porqueas pessoas começaram a viver mais. Hoje, há uma preocupação com alimentaçãoadequada desde os primeiros dias de vida. É preciso influenciar a gestante paraque ela tenha uma gravidez saudável e faça a amamentação exclusiva até o sextomês", defendeu a especialista. "Além disso, também é importante a introdução dos alimentos para o bebêdepois desse período e, mais tarde, a alimentação escolar, quando a criança estánuma fase de adquirir bons hábitos. Essas são medidas importantes para evitar odesenvolvimento do câncer na idade adulta”, explicou.Deacordo com ela, promover a alimentação saudável não é uma questão exclusiva da área da saúde. Por esse motivo, o Inca vem buscando articular parcerias, tanto dentro do governofederal, como nos níveis estadual e municipal de gestão.Couto lembrou iniciativas que já vêm sendo desenvolvidas neste sentido, no âmbito dogoverno federal, como o projeto de cantinas escolares saudáveis do Ministérioda Saúde, o programa de alimentação escolar do Ministério da Educação e, ainda, uma resolução, em elaboração pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pararegulamentar a propaganda de alimentos voltadas ao público infantil.“É umaconjugação de esforços na direção da adoção de hábitos mais saudáveis da população”, definiu.