Bispo do Ceará apóia transposição, mas tem dúvidas sobre benefícios para população pobre

27/11/2007 - 20h11

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Enquanto o bispo de Barra (BA), Dom Frei Luiz Flávio Cappio,reinicia greve de fome contra  atransposição do Rio São Francisco, emLimoeiro do Norte, no interior do Ceará, o clima quente e seco faz com que a população tenha uma visão favorável sobre o projeto do governo. “Estamos nosemi-árido e toda água aqui é sempre bem-vinda. As pessoas estão a par dascoisas e esperam por isso”, disse em entrevista à Agência Brasil o bispo DomJosé Haring, responsável pela Diocese da cidade.  Apesar do apoio à transposição, Haring confessa ter dúvidassobre o alcance da água e sobre os benefícios reais para os mais pobres. “É uma desconfiança que se alimentapelo passado, quando fizeram projetos de irrigação que beneficiaram só osfazendeiros”, explicou o bispo.O projeto de Integração do São Francisco pretende captarágua do rio e conduzi-la, por dois canais, a leitos secos e açudes. O Eixo Leste,com 220 quilômetros, começa na barragemde Itaparica, em Floresta, Pernambuco, com destino ao Rio Paraíba (PB).  Já o Eixo Norte sairá de Cabrobó (PE),percorrerá 400 quilômetros até os rios Salgado e Jaguaribe, no Ceará; Apodi, noRio Grande do Norte; e Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte. O Rio São Francisco tem 2,8 mil quilômetros de extensão e cortamais de 500 municípios, onde vivem aproximadamente 12 milhões de pessoas. OMinistério da Integração Nacional sustenta que as obras devem reduzir a poluição da água, ampliar o acesso aorecurso no semi-árido e melhorar anavegação.O bispo de Limoeiro alegou não poder comentar a legitimidade do ato do colega que protesta contra a transposição. Mas avalia quea greve de fome pode ter resultadoeficiente. “A primeira ação teve grande efeito, chamou atenção. E muitas vezesas autoridades só reagem a partir de medidas drásticas”, afirmou Haring.