Votação para a entrada da Venezuela no Mercosul terá resistência no Senado, dizem parlamentares

21/11/2007 - 19h00

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve retornar à pauta política em 2008, quando chegar ao Senado o Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul.A avaliação é do líder do PSB, Renato Casagrande (ES), segundo quem, "os freqüentes elogios" de Lula ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, serão usados para vincular um assunto ao outro."Essa será a discussão do terceiro mandato de Lula. Como o Lula fica elogiando o Chávez com freqüência, a oposição vai explorar esse assunto ao máximo e esticar a corda".Segundo ele, a tramitação do protocolo no Senado não terá as facilidades encontradas na Câmara dos Deputados, que hoje (21) aprovou a matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). "Aqui a estrada é mais esburacada".Para o líder do PDT, Jefferson Péres (AM), os senadores ainda estão envolvidos com as recentes críticas feitas por Chávez ao Senado brasileiro.Em julho, o presidente da Venezuela estabeleceu um prazo de três meses para o Parlamento brasileiro votar e aprovar o protocolo de adesão, caso contrário, desistiria do ingresso no Mercosul."Aqui há muita resistência. Há restrições e medo quanto a política populista praticada por Hugo Chávez", afirmou o pedetista. Para ele, o Itamaraty tem a avaliação equivocada de que, uma vez no Mercosul, o governo venezuelano teria que se adequar às condições impostas pelo bloco, dentre elas, a de garantia do Estado democrático."Ao contrário, acho que se o Chávez levar um tranco do Brasil, mostrando que não é bem vindo [ao Mercosul] por conta de seus métodos, aí sim ele pode se adequar", avalia Péres.O líder do Democratas, José Agripino Maia (RN), aposta na rejeição, pelo Senado, da proposta de adesão da Venezuela ao bloco. Ele afirma ter "razões de ordem argumentativas" para acreditar que a matéria não passará.Um dos argumentos seria o de que, uma vez integrante do mercado comum, o presidente Hugo Chávez lutaria para ser "um membro proeminente", politizando o debate interno. "Isso prejudicaria as relações do Mercosul com a União Européia, Japão, Índia e outros países com quem nos relacionamos".Outros senadores têm uma visão mais pragmática. Pedro Simon (PMDB-RS), membro do Parlamento do Mercosul, pensa mais alinhado ao Itamaraty. "A partir do ingresso da Venezuela no Mercosul, nós [governo brasileiro] teremos condições de exigir que a democracia seja preservada naquele país sob pena de [a Venezuela] ser afastada. Ficando de fora do Mercosul, atiraremos a Venezuela nos braços de uma interrogação".Para o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), não há como desprezar a importância econômica da Venezuela na América Latina. Ele citou como exemplo as exportações brasileiras para o país, que, segundo ele, cresceram de U$ 600 milhões para U$ 3,6 bilhões nos últimos anos.