Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise financeira internacional dos últimos meses impede o Tesouro Nacional de oferecer ao mercado títulos da dívida externa, admitiu hoje (21) o coordenador-adjunto de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido. A explicação é que o preço oferecido pelo mercado em momentos de turbulência internacional, como a crise no mercado imobiliário norte-americano, fica muito alto para o governo.Ao apresentar o relatório sobre a dívida pública em outubro, Garrido assegurou que o governo voltará a lançar títulos públicos no exterior assim que os custos das emissões voltarem ao normal. “O Tesouro avalia semanalmente o mercado e faz as suas emissões de acordo com as condições vigentes”, explicou.Garrido, no entanto, afirmou que o governo tem conseguido manter o cronograma de emissões de títulos estabelecido no Plano Anual de Financiamento da Dívida (PAF). Segundo ele, até dezembro devem ser feitas novas emissões. Em setembro e outubro, disse o coordenador do Tesouro, a instabilidade persistiu nos mercados internacionais, apesar de não ter havido momentos fortes de turbulência.No mês passado, também diminuiu a participação dos títulos prefixados na dívida interna, que caiu para 35,18% em outubro, contra 36,84% em setembro. A explicação para isso é, segundo Garrido, o grande volume de vencimentos deste tipo de papéis que normalmente acontece no mês de outubro. De acordo com o relatório, houve resgate de R$ 42,4 bilhões de prefixados em outubro.Os títulos prefixados têm juros definidos com antecedência. Isso permite ao governo saber exatamente o quanto pagará para resgatar esses papéis dos investidores, o que melhora a administração da dívida pública. Quanto maior a participação de títulos prefixados, melhor é considerado o perfil da dívida. Para o fim do ano, o PAF estabelece que a parcela dos papéis prefixados esteja entre 37% e 43%.Em outubro, os títulos atrelados à taxa Selic, aumentaram a participação na dívida mobiliária (em títulos) interna de 37,54% para 38,66%. Os papéis vinculados a índices de inflação aumentaram de 25,66% para 26,09%. A parcela atrelada ao câmbio caiu de 1,02% para 0,93%.Sobre a redução em torno de R$ 9 bilhões (-0,67%) no estoque da dívida pública no último mês, Garrido informou que se trata de um movimento normal nos meses que iniciam trimestres (janeiro, abril e outubro). Nesses períodos, ele explica que há uma elevada concentração de vencimentos de títulos."O que a gente normalmente observa é uma redução da dívida nesses meses, com a conseqüente recuperação nos meses seguintes", ressaltou. Para novembro, ele acredita que haverá elevação na dívida.