Discussão sobre financiamento sindical mobiliza centrais

21/11/2007 - 18h05

Hugo Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A indefiniçãosobre as formas de financiamento dos sindicatos tem estimulado a cooperação entre as centraissindicais. Hoje (21), representantes dealgumas dessas organizações estiveram reunidos, emBrasília, com o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi,para discutir o futuro do sindicalismo brasileiro. Apesar de nenhumamedida concreta ter sido acordada, as entidades demonstraramconfiança para viabilizar as ações sindicais ese posicionaram a respeito do possível fim da contribuiçãosindical obrigatória. “Avaliamospositivamente mais essa reunião entre as centrais sindicais.Conseguimos avançar e reafirmar importantes premissas para aestrutura sindical. Saímos desse encontro com muita esperança.O ministro mostra disposição em avançar nesseassunto [financiamento sindical]”, analisou a secretária dePolítica Sindical da Central Única dos Trabalhadores(CUT), Rosane Silva. Osecretário-geral da Nova Central Sindical de Trabalhadores(NCST), Moacyr Auersvald, compartilha da opinião e garantiuestar aliado à CUT e às demais centrais sindicais natentativa de garantir “por meio de regras claras” as verbasnecessárias para o funcionamento dos sindicatos. “Precisamosestabelecer o nosso norte. Em muitos pontos pensamos diferente, masnesta questão as centrais estão juntas. A avaliaçãodesse encontro é muito positiva”, afirmou. Um ponto dedivergência entre as centrais sindicais está relacionadoà contribuição facultativa para essasorganizações. Instituições como a UniãoGeral dos Trabalhadores (UGT), a exemplo do ministro Carlos Lupi,são contrárias ao fim da obrigatoriedade do impostosindical. “Éfundamental que exista uma forma de financiamento transparente.Muitas vezes se fala de forma demagógica para deixar a decisãopara os trabalhadores. Nós sabemos que, se deixar o povo escolherse paga ou não, ninguém vai querer pagar”, alegou opresidente da UGT, Ricardo Patah. A CUT defende acontribuição opcional. “Historicamente lutamos contrao imposto sindical. Quem deve decidir sobre o financiamento sãoos trabalhadores em suas assembléias de base”, argumentou asecretária Rosane Silva. Ela,entretanto, não vê empecilho para o entendimento entreas centrais sindicais. “Temos centrais que defendem o impostosindical, mas, com base nessas negociações, estamosconseguindo construir um acordo para beneficiar todas as entidades”,explicou. Tramita noSenado um projeto de lei do Executivo para regulamentar as centraissindicais, que inclui emenda do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF)para acabar com a contribuição obrigatória a essas organizações. A proposta, que teve votação adiadana Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, nãoagradou a nenhuma das centrais sindicais. Até mesmo os defensores do impostoopcional, como a CUT, disseram nãoconcordar com o teor da emenda.

"Isso [imposto sindical] precisa ser decidido nas assembléias de base. A emenda dele [Augusto Carvalho] acaba dificultando mais a vida dos trabalhadores porque quem não tiver desconto na folha de pagamento, vai ter que ir até a Caixa Econômica Federal para não ficar com débito com o Estado", analisou Rosane Silva.