Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro Paulo Vanucchi, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, voltou a defender hoje (29) a necessidade de que o estado investigue as ações implementadas pelas policiais do Rio de Janeiro nas favelas do Complexo do Alemão e da Coréia, nas zonas norte e oeste da cidade. Nesses locais, dezenas de pessoas suspeitas de participar do crime organizado foram mortas em confrontos.Sem entrar no mérito das discussões sobre a ocorrência de excessos nessas ações, o ministro defendeu cautela frente às denúncias nesse sentido.“Todas as vezes em que ocorrerem operações deste tipo – em que são feitas alegações de violação dos direitos humanos – há necessidade de investigações, mas também um procedimento de muita serenidade e cautela, de modo a que não se parta do pressuposto e do ponto de vista prévio de que, se existiu a denúncia, ela é a prova irrefutável de que aconteceu a violação", disse.Ele acrescentou que a Secretaria ainda aguarda o resultado de uma perícia sobre a ocorrência de eventuais execução em operação no Complexo do Alemão. E sugeriu: "É preciso que se crie um consenso entre a imprensa e os pesquisadores, de modo a que sejam tiradas sugestões concretas de como levar adiante o combate à criminalidade com mais eficiência”.Ao defender o direito de a sociedade brasileira exigir o combate ao crime organizado no estado, Vannuchi afirmou que "quando o policial enfrenta o crime praticando o crime, ele estabelece uma ponte de identidade pessoal com o bandido – e é desta ponte que começa a nascer a corrupção, que o celular é levado à cela para o bandido ordenar a prática de novos crimes". O ministro lembrou ainda que durante muito tempo a segurança pública foi tratada, no Brasil, como um tema quase em colisão com o dos direitos humanos. “Prevalece o entendimento vulgar, e manipulado, de que quem defende os direitos humanos está, também, defendendo o bandido – o que não é verdade. A defesa dos direitos humanos é a defesa do direito à vida, com Justiça, com condições dignas e segurança pública para todos”, disse.Segundo Vannuchi, “é claro que é preciso combater a violência, mas uma vez preso o bandido não pode ser agredido, não pode ser eliminado". Durante a solenidade de lançamento do livro Mídia e Violência – novas tendências na cobertura da criminalidade e da segurança no Brasil, escrito pela cientista social Sílvia Ramos em parceria com a jornalista Anabela Paiva, Vannuchi elogiou a decisão do governador Sérgio Cabral de convocar a Força Nacional de Segurança, tão logo assumiu o mandato.“O governo do Rio teve uma primeira característica importante epositiva do ponto de vista do enfoque federal, que foi a de colocarfrancamente a perspectiva de acolher a Força Nacional e de dar as mãosao governo federal no combate à criminalidade. Posições limitadas degovernos anteriores – não só no Rio, mas em outros estados –atrapalharam essa união em defesa dos interesses do cidadão”, disse.
