Yara Aquino
Enviada especial
Zurique (Suíça) - As negociações sobre a retomada da Rodada Doha, que discute o fim das barreiras ao livre-comércio, envolvem mais interesses político-eleitorais que econômicos, afirmou hoje (30) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista coletiva em Zurique, na Suíça.“Sinto que há interesses e que todo mundo tem um cuidado político. O que hoje está em jogo não é mais a questão econômica, o que está em jogo hoje é o que representam os eleitores nos países que estão na mesa de negociações. Todo mundo está olhando muito mais para as próximas eleições do que para a quantidade de dinheiro que está em jogo nas negociações”, disse o presidente.No mês passado, durante viagem à Nova York, Lula defendeu que as negociações precisam estar fechadas antes da eleições norte-americanas, que ocorrem no ano que vem. "O mundo não pode esperar as eleições americanas”, afirmou o presidente, na ocasião. Na entrevista concedida hoje, Lula disse estar otimista em relação ao andamento das negociações. “Se tivesse um concurso, eu estaria entre os três seres humanos mais otimistas com relação à Rodada de Doha.” O presidente Lula disse ainda considerar normal que cada país queira defender seus interesses nas negociações “com unhas e dentes”. Mas, na avaliação dele, será difícil construir um acordo em que todos ganhem. “Acho difícil, é difícil fazer um acordo onde ninguém perca. O que acho normal é que nessa escala a gente leve em consideração que os países ricos vão ter que fazer milimétricas concessões. Os países em desenvolvimento terão que fazer outras concessões e os ganhadores precisam ser os países mais pobres. Se isso for ajustado, e no discurso político já tem concordância, penso que podemos concluir o acordo”.Também participaram da coletiva o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, e a presidente da Suíça, Micheline Calmy-Rey. Lula está em Zurique para acompanhar o anúncio, pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), do país que sediará a Copa do Mundo de Futebol de 2014.