Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - As dificuldades para a instalação de clínicas dereabilitação que possam atender os usuários de drogas estão entre osprincipais problemas em comum dos estados da região Norte. Aconstatação é da Associação Brasileira de Pais de Dependentes Químicos(Abrapade), que abriu hoje (29) o 1º Congresso Brasileiro sobre Drogas - Sessão Norte. De acordo com osorganizadores, o encontro pretende iniciar uma mobilização nacional para o combate ao uso de drogas ilícitas, como a maconha, e lícitas, como álcool. O presidente do Conselho Municipal de Drogas de Manaus, Aluney Elferr, também vice-presidente da Abrapade, destacou as semelhanças entre os estados da região, inclusive o que chamou de "entraves burocráticos" à maior oferta de tratamentoespecializado."Esses estados encontram dificuldades de sustentar,por exemplo, uma comunidade terapêutica, uma clínica de internação.Isto se arrasta há pelo menos 20 anos e nós temos quecriar, com a Agência Nacional de VigilânciaSanitária [(Anvisa)], meios para que essas clínicas sejam reconhecidas maisfacilmente e que não sejam reprovadas por coisas pequenas, como panelas velhas ou geladeiras queimadas, que podem ser consertadas. A saúde é um direito de todos e dever do Estado, mas na hora em queesse dever tem de ser passado por meio dos convênios, cria-se umabarreira fenomenal e as pessoas não conseguem transpor essa barreira",afirmou.Para Darkson Mota, consultor membro do Núcleo de Assistência do Dependente Químico daSecretaria de Desenvolvimento Social de Boa Vista (RR), ainda é necessário muito apoio às famílias. Ex-dependente químico, ele destacou a reunião de agentes de conselhos estaduais e municipais para o combate às drogas. "Ainda é preciso fazer muita coisa. Faltam pessoas e autoridades queestejam na luta contra esse problema. O triste é saber que o prejuízomaior é das famílias, que precisam de ajuda do poder público. O grandequestionamento que a sociedade tem que se permitir fazer é que tipo depolíticas públicas estão sendo feitas para que essas drogas não entremna vida das pessoas. Além disso, quanto mais gente trabalhando naprevenção ao problema, menos usuários teremos, porque eles contribuempara a valorização do indivíduo e não da droga ", analisou.Ao longo do próximo ano, o Congresso seguirá para outras regiões. Em Manaus, até amanhã (30), participam também representantes de Roraima, Pará, Acre e Amapá.Dados do Núcleo de Apoio às Famílias de Usuários de Drogas do Amazonas apontam que na capital 60% dos usuários apontaram problemas em casa como motivo para o vício, seguindo-se a oferta por parte dos traficantes e dos amigos, e a facilidade na compra. Entre os usuários comprovados, 30% têmentre 17 e 19 anos, e 29%, entre 20 a 23 anos; e 10%, entre 12 e 15 anos.