Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Pastoral da Terra (CPT) quer mais rigor na punição dos responsáveis por crimes violentos no estado do Pará. Além disso, a entidade defende mais agilidade da Justiça no julgamento de processos que envolvem assassinatos e que não tenham tanta repercussão como o caso Dorothy Stang.Segundo ocoordenador nacional da entidade, José Batista Afonso, apenas a punição dos responsáveispelos crimes pode acabar com a violência na região. “Seisso não acontece, a impunidade acaba funcionando como umaespécie de licença para matar e a violência nãodiminui”, afirma.ParaAfonso, a condenação do assassino confesso damissionária norte-americana Dorothy Stang, Rayfran das NevesSales, é um passo importante na busca da justiça emrelação ao assassinato da missionária e tambémno combate à impunidade no campo no estado do Pará. Mas alerta que é preciso dar a mesma atenção aoutros crimes ocorridos no estado. “O queestá acontecendo em relação ao processo damissionária não está acontecendo em relaçãoaos demais crimes acontecidos no estado do Pará, que éo campeão da violência no campo no Brasil. A mesmaceleridade dispensada a este caso não está sendoaplicada aos outros processos”, critica.Eleacredita que as condenações já ocorridas no casoDorothy Stang serviram para provocar algumas mudançasna justiça paraense, como uma atenção maior aosprocessos que apuram assassinatos no campo. Entretanto, o coordenador da CPTdiz que é preciso uma atuação ainda mais firme do Poder Judiciário. “Ajustiça não pode ter dois comportamentos: um em relaçãoa um processo que tem bastante repercussão e outro, em relaçãoaos que não têm repercussão”. Alémde representante nacional da CPT e advogado da comissão, noPará, José Batista Afonso é advogado dafamília de Dorothy Stang e atua como assistente de acusaçãono processo. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, de 1971até o ano passado, aconteceram 814 assassinatos no campo, noestado do Pará. Desse total, apenas seis mandantesforam julgados e condenados. Destes, um está preso, e osoutros cinco estão foragidos ou aguardando julgamento derecurso em liberdade.