Parlamentares querem PF na investigação de mortes em campo de multinacional no Paraná

23/10/2007 - 19h03

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O líder da Frente Parlamentar da Terra, deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), informou hoje (23) que pedirá a atuação da Polícia Federal na investigação da morte de doismilitantes de movimentos sociais. Eles morreram durante conflito em acampamento desem-terra no campo de experimento com transgênicos damultinacional Syngenta Seeds em SantaTereza do Oeste (PR), no domingo (21). A Frente também enviou ofício à embaixada da Suíça, país de origem da empresa, em que pede audiência com o embaixador Rudolf Baerfuss para apurar se a segurança privada da Syngenta Seeds lá é igual à feita no Brasil. Funcionários da empresa NF Segurança, contratada pela multinacional para proteger a área, foram acusados de autoria dos disparos."Como é que pode uma empresa estrangeira vir aqui e contratar uma empresa de segurança só de fachada, porque o que há por trás dela é tráfico de armas, como já foi constatado pela Polícia Federal, e contrata esse tipo de gente: mais pistoleiros e matadores do que seguranças", questionou o parlamentar. Já Darci Frigo, presidente da organização Terra de Direitos, formada por advogados que atuam com os movimentos sociais, caracterizou como "milícia" a NF Segurança: "Eles têm uma empresa de fachada, como se fosse uma empresa de segurança legalizada, mas que não é necessariamente cumpridora dos deveres desse tipo de empresa. Eles têm armas roubadas e pessoas devidamente treinadas. Há apenas um núcleo contratado de fachada – o restante são pistoleiros contratados para as ações de desocupação de terras e ataque aos trabalhadores." Para o presidente da Federação dos Vigilantes do estado do Paraná, João Soares, a NF Segurança atuava à margem da lei. Ele pediu o fechamento da empresa e argumentou: "Desde 2003 a gente vem denunciando à Polícia Federal o procedimento de contratação dos profissionais de segurança dessa empresa". Depois de lamentar as mortes, Soares denunciou que "na Região Metropolitana de Curitiba existem 103 empresas clandestinas, o que coloca em risco a vida de quem contrata e a das pessoas que nada têm a ver com isso". Ele lembrou ainda que "a função dos seguranças particulares é proteger vidas e patrimônio de terceiros, não atuar como policiais".