Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O secretário Nacional de Segurança Pública, Antonio Carlos Biscaia, afirmou hoje (23), no Rio de Janeiro, que a impunidade é um dos fatores responsáveis pelos altos índices de criminalidade existentes hoje em todo o país.Segundo o secretário, nos últimos quatro anos, o estado do Rio de Janeiro registrou mais de 6 mil homicídios. Desse total, apenas 3% foram investigados, mesmo assim, nem todos os culpados foram levados à prisão.“São níveis inaceitáveis e que levam à sensação de impunidade e incentivam a criminalidade e o aumento da violência. Mais de 6 mil pessoas foram mortas e apenas 200 destes crimes foram apurados e poucas pessoas foram presas. Portanto, para mim, a impunidade é um fator que incentiva muito a criminalidade”, disse.As declarações foram dadas durante o seminário internacional Desafios da Gestão Pública, promovido pela FGV Projetos – órgão de consultoria da Fundação Getulio Vargas, com o objetivo de discutir o tema A Administração Pública em Busca de Modelos Integrados para Enfrentar a Violência.Em sua palestra, onde abordou - juntamente com o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame - o tema A Visão da Gestão Pública, Biscaia criticou também a atuação da Justiça.“Acho que o Judiciário tem que assumir a sua responsabilidade também. Não é um pequeno detalhe técnico que pode levar a que se ponha em liberdade, por exemplo, um Elias Maluco. Ele saiu e foi cometer um crime bárbaro [o assassinato do jornalista Tim Lopes]". "Hoje a responsabilidade pela segurança é da polícia, do Ministério Público, do Judiciário, da sociedade e dos veículos de comunicação. Todos nós temos que estar unidos com o objetivo de alterar este quadro”, completou Biscaia.O secretário também voltou a descartar a utilização das Forças Armadas na garantia da segurança nas ruas dos principais centros urbanos do país.“A destinação [constitucional] das Forças Armadas não é a segurança pública. Quando houve essa intervenção, ainda que no curto prazo, o resultado foi muito ruim. Gerou uma sensação de tranqüilidade aparente e que cessou logo depois", disse."Ela [as Forças Armadas] tem que atuar em áreas de fronteiras, na repressão ao tráfico de drogas e de armas e não em centros urbanos”, completou o secretário.Ele admitiu que a situação da violência no estado do Rio de Janeiro é extremamente grave, mas que o estado não é o único. “Outras unidades da federação também têm os seus problemas de segurança. O Entorno de Brasília, por exemplo, é outra grande preocupação. Há um cinturão de municípios com índices até superiores aos do Rio, principalmente no estado de Goiás”, ressaltou.