Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O segundo julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, deverá acontecer só no ano que vem. A sessão, que estava marcada para a próxima quinta-feira (25), foi adiada, porque o advogado do réu diz estar com problemas de saúde.Eduardo Imbiriba explica que sentiu-se mal na semana passada devido ao acúmulo de trabalho. “Procurei um médico, ele constatou que eu estava com pressão alta e recomendou não fazer o julgamento durante esta semana, tendo em vista que é um júri de muita tensão mental e cansaço físico”, justificou. O advogado diz que está tomando medicação e irá fazer uma bateria de exames nos próximos dias.Como a pauta da justiça estadual tem outros processos a serem analisados, a sessão de julgamento será incluída na pauta do próximo ano.O advogado acredita que o resultado do julgamento não será influenciado pelo adiamento da sessão e garante que vai lutar pela absolvição de Bida, negando a co-autoria no crime. “A dificuldade que a defesa vem encontrando nesse processo é a grande pressão exercida por organizações sociais que atuam politicamente e exercem uma pressão enorme em desfavor dos acusados. Mas isso não nos intimida, vamos trabalhar da melhor maneira possível, porque temos provas para absolver Vitalmiro”, afirma.Ele diz também que a defesa não pretende atacar a vítima e garante que Vitalmiro não tinha motivos para encomendar a morte da missionária. “Duas horas de sustentação oral não serão suficientes para explorar tudo o que temos em favor dele”.Segundo o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra, José Batista Afonso, o pedido de adiamento pode ser uma estratégia da defesa, para ganhar tempo e procurar provas em favor do réu. Mas ele acredita que Vitalmiro será condenado à pena máxima, como ocorreu no primeiro julgamento.O promotor de justiça Edson de Souza, que atua no caso, avalia que, se o pedido de adiamento foi uma estratégia da defesa, pode ser uma “estratégia suicida”. “Eles poderiam aproveitar esse momento em que o Rayfran inocenta Vitalmiro para ver se tinha algum reflexo no resultado do julgamento”, afirma, lembrando que, no segundo dia de julgamento de Rayfran das Neves Sales, realizado ontem (22), o réu disse que o fazendeiro não teve participação no crime.Vitalmiro Bastos de Moura foi condenado, em maio deste ano, a 30 anos de reclusão pela acusação de mandar matar a missionária Dorothy Stang, em fevereiro de 2005. Como a pena excedeu os 20 anos de prisão, ele tem direito a um novo julgamento.O réu confesso do assassinato da missionária Dorothy Stang, Rayfran das Neves Sales, foi condenadoa 27 anos de prisão no segundo julgamento do caso, concluído na madrugada de hoje (23) em Belém (PA).