Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A famíliada missionária Dorothy Stang, assassinada em 2005, ficousatisfeita com o resultado do julgamento realizado ontem (22), noqual o réu confesso, Rayfran das Neves Sales, foi condenado a27 anos de prisão. Em entrevista à AgênciaBrasil, o irmão da missionária, David Stang, queestá no Brasil para acompanhar o julgamento, disse que afamília espera, agora, o julgamento e a prisão dos doisfazendeiros acusados de serem os mandantes do crime.DavidStang não acredita na versão de que Rayfran estavasendo ameaçado por Dorothy, nem que ele cometeu o crime sobforte emoção. “Ele deve ser responsabilizado por seusatos, ele escolheu livremente aceitar dinheiro, carregar a arma,ninguém o forçou a fazer o que ele fez”, avalia.O irmãoda missionária acredita que o governo brasileiro está“começando a acordar para as leis e para a Constituição”.“Era nisso que Dorothy acreditava, no governo, na constituiçãoe na lei”, diz David Stang. Ele diz que está satisfeito como andamento do caso. “Todas as vezes que eu vim para o Brasil, aJustiça estava fazendo o seu trabalho”, diz.Esta éa nona vez que David vem ao Brasil para acompanhar os desdobramentosdo assassinato de sua irmã. Ele garante que virá outrasvezes e vai estar aqui nos outros julgamentos. “Quero ver ojulgamento de Regivaldo [Regivaldo Pereira Galvão,fazendeiro, um dos acusados de ser o mandante do crime, que ainda nãofoi julgado]. Ele está sendo acusado de ser um dosautores, e deve ter um julgamento. Não acredito que aimpunidade vai acabar no estado enquanto não tivermosjulgamentos. Essas pessoas têm que ser julgadas pela lei”,afirma.Naavaliação de David, Dorothy Stang foi morta porqueacreditava na dignidade dos pobres. “Ela nãotinha medo de levantar e dizer: 'isso está errado'. Era umadas mais verdadeiras representantes da lei na Amazônia, elaacreditava na lei”, afirma. Para ele, os resultados da morte dairmã já começam a aparecer. “Depois doassassinato de Dorothy, muitas pessoas estão começandoa levantar e falar contra as injustiças”.
Daviddestaca que Dorothy amava o Brasil, as pessoas do Brasil e a Amazônia."Ela lutava por justiça e acreditava que Brasil podiaconquistar a justiça”.