Tatielly Diniz
Repórter de A Voz do Brasil
Brasília - A sociedade precisaampliar sua participação nas questões ligadas àexploração sexual de crianças e adolescentes einfluenciar a realização de ações maisconcretas por parte do governo. A opinião é daprofessora do Departamento de Serviço Social da Universidadede Brasília (UnB), Maria Lucia Leal, responsável porvárias pesquisas sobre o assunto. Ela afirma que ainda faltamações no setor. “Esse é um desafio, depois de sete anosde implementação do Programa de Combate àViolência Sexual no Brasil, não temos dados concretos deinclusão social dessas crianças que foram abusadas eexploradas. Isso é um dado concreto e nós temos quereagir a essa série de coisas”, afirma.Entre os anos de 2001 e 2007, o número derotas utilizadas para a violência sexual contra criançase adolescentes cresceu. Balanço da Polícia RodoviáriaFederal aponta que o número de locais vulneráveis àexploração sexual de crianças e adolescentes emrodovias federais saiu de 241, em 2001, para 1,8 mil, em 2007. Asinformações fazem parte do Guia para Localizaçãodos Pontos Vulneráveis à ExploraçãoSexual Infanto-Juvenil ao Longo das Rodovias Federais Brasileiras.De acordo com aassessora da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) daPresidência da República, Socorro Tabosa, existem 930municípios vulneráveis à exploraçãosexual. Ela argumenta que a prostituição infantil nãoestá ligada somente a cidades turísticas, mas tambémao interior, especialmente nas fronteiras com outros países.Segundo a assessora, as crianças são levadas àprostituição por vários motivos. “Há aquelasque são absorvidas e captadas pela rede de exploraçãosexual, mesmo que não haja uma rede criminosa por trás,são os próprios pais que encaminham a criança ouuma colega da criança. A necessidade de recursos financeiros ea fome também são causas, somadas à necessidadede consumo como o celular da moda ou uma bolsa de grife”,argumenta.A psicóloga Marilza da Silva Pinheiro doprograma Sentinela, que atende crianças vítimas deviolência sexual, em Pacaraima (RO), diz que muitas vezes acriança é abusada sexualmente por pais, irmãos eparentes. “Nós temos um grande número de agressoresdentro da família, mas eles começam agradando acriança, ela se sente culpada porque permitiu, só queela não tem a consciência do que estáacontecendo. Existem quadros que a própria mãe sabe eprefere ficar quieta e não denuncia”, enfatiza. A violência sexual contra crianças eadolescentes pode ser combatida por meio do Disque Denúncia,no número 100. A ligação é gratuita.