Rede de ONGs entregará em um mês relatório de visitas a complexo de favelas no Rio

11/10/2007 - 19h30

Raphael Ferreira
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O relatório final da rede de organizações não-governamentais (ONGs) Relatoria Nacional, que visitou as favelas do Complexo do Alemão nesta semana para investigar as condições de ensino, terá três propostas principais: a criação de um sistema integrado de informações sobre o conjunto de favelas; a divulgação de orientações à população sobre como reagir durante períodos de confronto armado; e a articulação das políticas públicas de educação e segurança, coordenada por uma instância alternativa ao governo. O relatório final será entregue ao governo e à Organização das Nações Unidas (ONU) em cerca de um mês.A série de reuniões e visitas promovidas pela Relatoria Nacional, composta por 60 ONGs, e apoiadas pelas Nações Unidas, terminou hoje (11) com uma audiência pública a que compareceram representantes do governo e de moradores da região. O tráfico de drogas nas escolas foi o tema mais polêmico de discussão. Segundo uma professora de uma das três escolas do Complexo do Alemão, que não quis se identificar, muitos professores desistiram de dar aulas. "Quem vem de fora para trabalhar na comunidade se depara com vários problemas relacionados ao tráfico, como por exemplo a existência de uma 'boca de fumo' [ponto de venda de drogas] ao lado da escola. Por isso, temos na comunidade uma alta rotatividade de professores", disse.João Correia Neto, representante da Secretaria Estadual de Educação na audiência, negou a influência do tráfico nos horários escolares: "Ninguém, seja Polícia ou traficante, determina o início ou término do ano letivo nas escolas do estado. Só quem determina é o governador ou o secretário".Já a relatora do projeto das ONGs, Denise Carreira, discordou da afirmação do assessor da Secretaria. "Muitas vezes, a ida e a vinda de professores passam por negociações e convivência com o poder paralelo do narcotráfico", disse.A secretária municipal de Educação, Sonia Mograbi, não compareceu à audiência e alegou ter outros compromissos agendados.