Licença de Renan melhora o clima, mas não facilita votação da CPMF, avaliam senadores

11/10/2007 - 20h21

Marcos Chagas e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A decisão dopresidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de se licenciar por45 dias do cargo, dividiu a opinião dos senadores. Nem todosconcordam que o afastamento vai facilitar a tramitaçãoda proposta de emenda à Constituição queprorroga até 2011 a cobrança da ContribuiçãoProvisória sobre a Movimentação Financeira(CPMF). A líder do blocogovernista, Ideli Salvati (PT-SC), considera que a decisão deRenan melhora o clima na Casa, mas ressalta que "não podedeixar de ser realista das dificuldades na tramitaçãoda CPMF". De acordo com asenadora, as conseqüências práticas da decisãosó poderão ser aferidas na semana que vem, com amanifestação em plenário dos senadores e ocomportamento dos partidos. "A bola foi postano outro campo, e vamos ver, agora, o que farão com ela",disse. Para o senador DelcícioAmaral (PT-MS), a decisão do presidente do Senado pode, sim,"criar as condições necessárias para sefazer a discussão da CPMF". O ato, na avaliaçãodo petista, distensionará o clima no Senado, "retirandoum foco de tensão" que vinha prejudicando a tramitaçãode matérias e obstruindo a pauta da Casa. Observou, porém,que "o mérito da matéria é outradiscussão". O líder do PDT,Jefferson Peres (AM), afirmou que a partir de agora pode-se criar oambiente necessário para se discutir e votar a CPMF até31 de dezembro, quando expira o prazo de validade. O PDT quer umcompromisso do governo de redução progressiva daalíquota. Já as liderançasdo PSDB e do DEM procuraram desvincular o licenciamento de RenanCalheiros de um possível gesto para se tentar negociar aaprovação da CPMF. "Não tem nada a ver umacoisa com a outra. Não estamos fazendo acordo com quem querque seja", afirmou o líder tucano Arthur VirgílioNeto (AM). Ele lembrou que se a oposição decidir nãovotar a PEC este ano, "uma das maneiras seria não votaras medidas provisórias que venham da Câmara". O líder do DEM,José Agripino Maia (RN), também evitou misturar oafastamento de Renan Calheiros com uma possível manobra parase tentar iniciar um processo de negociação em torno daPEC da CPMF. "A única conseqüência éque a Casa volta a viver em paz. Isso não vai acelerar aCPMF", afirmou. Agripino Maia admitiu,no entanto, que com a saída do senador Renan Calheiros oSenado vai poder sair de "uma obstrução completa". O senador Pedro Simon(PMDB-RS) afirmou que a crise no Senado "terá uma pausa"com a saída de Renan Calheiros. A partir de agora, segundoele, caberá aos senadores buscarem "uma forma deentendimento" que permita o julgamento do parlamentar noConselho de Ética, "com isenção,independência, mas com tranqüilidade de analisar os fatossem os tumultos que vêm dificultando a vida no Senado".