Agricultores do sul do Pará reclamam de atraso nos financiamentos do Pronaf

11/10/2007 - 18h02

Leandro Martins
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Agricultores de assentamentos no sul do Pará reclamam do atraso nos empréstimos de financiamento agrícola do Plano Safra. Segundo eles, o dinheiro chega em dezembro e janeiro, depois do período de plantio, o que prejudica a produção de grãos.Os recursos vêm do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Na região, quem opera os empréstimos são o Banco da Amazônia e o Banco do Brasil.Além de comprometer o plantio e a colheita, o atraso complica a situação financeira dos produtores rurais. Sem recursos para pagar a dívida com o banco, muitos agricultores familiares, alegam os assentados da região, têm de se desfazer de suas terras e ir à cidade procurar trabalho.Outra reclamação diz respeito às prestadoras de serviços de assistência técnica, que fazem a intermediação entre o agricultor e os bancos. Além de cobrarem R$ 1,5 mil pelo serviço, o que é ilegal, os técnicos, denunciam os assentados, tentam convencer os produtores a investir na pecuária, mesmo que queiram desenvolver outro tipo de projeto, como a criação de peixes ou o plantio de hortaliças.Até o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) reconhece a situação. Analista em Reforma e Movimento Agrário do órgão, Clarissa Cristina Pereira Lima, afirma que existe um impasse entre as prestadoras e os agricultores. “Os técnicos dizem para a gente que os assentados só querem trabalhar com gado, mas os assentados alegam justamente o contrário”, ressalta.Para a analista, a maior facilidade em desenvolver projetos para a pecuária pode estar por trás das pressões das prestadoras. “Realmente, o projeto para a pecuária, para o técnico, vai ser mais fácil de elaborar”, observa.Assessor da Equipe de Crédito do Pronaf do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Diogo de Paula diz que a reclamação é recorrente, não só no Pará, mas em vários estados da Região Norte. Ele orienta o agricultor a insistir com as prestadoras no projeto de sua preferência. “É o produtor que tem o poder de escolher que tipo de atividade vai desenvolver em sua propriedade”, esclarece.Diogo destaca ainda que o programa do governo está aberto a qualquer tipo de proposta por parte do produtor. “Para os técnicos é mais prático elaborar projetos de pecuária, mas o Pronaf está financiando qualquer tipo de atividade. Basta o agricultor discutir com a assistência técnica, discutir com o banco e elaborar uma proposta diferenciada”, explica.O Supervisor Regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) no sul do Pará, Humberto Balbi Reali Filho, admite que a tendência na região é criar gado. Ele, no entanto, afirma que o órgão busca a diversificação agrícola na região, implantando a citricultura (plantio de frutas cítricas) e o cacau.O representante da Emater critica o trabalho dos técnicos das empresas. “A gente busca introduzir novas culturas na região, mas há outras empresas de prestação de serviço que não estão comprometidas com a diversificação da produção”, declara.A Rádio Nacional da Amazônia tentou entrar em contato com uma das prestadoras de assistência técnica da região, a Coopvag. A empresa, no entanto, não destacou um responsável para dar entrevista.