Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - AUniversidade de Brasília (UnB), pioneira na adoçãode cotas para negros, decidiu mudar os critérios deavaliação dos candidatos para o sistema.Em vez defotografias, que eram avaliadas pela universidade antes do vestibular para decidir se oaluno poderia ou não concorrer a uma das vagas reservadas anegros e pardos, os candidatos agora serão entrevistadospessoalmente, durante o processo de seleção. Além disso, não haverá uma segundachance: quem não for aprovado para entrar no sistema de cotasterá que esperar o vestibular seguinte.O reitorda UnB, Timothy Mulholand, explica que as mudanças pretendemdar mais seriedade ao processo. “Antes havia pessoas que seinscreviam como se fosse algum tipo de loteria, "se colar,colou", e não é isso. O sistema de cotas é umaproposta séria, voltada para um segmento da populaçãobrasileira. As pessoas que tratam como brincadeira têm quedesistir disso, têm que escolher conscientemente o sistema quequerem concorrer e assumir as consequências disso”.Segundoele, o sistema de entrevista só não foi adotado antespela impossibilidade de falar com os cerca de três mil alunosque concorriam a uma das vagas reservadas. Agora, a entrevista seráfeita no meio do processo seletivo. Após a divulgaçãodo resultado das provas objetivas, serão convocados para aentrevista pessoal um número de candidatos duas vezes maiorque o número de vagas. “Assim, quando tivermos o resultadofinal do vestibular, já teremos entrevistado todos osaprovados”.Oreitor considera que o sistema de cotas por critérios raciaisé uma forma de se fazer justiça social no Brasil.De acordo com ele, em 2003 havia apenas 2% de alunos negros e pardos naUnB, enquanto o percentual desses cidadãos em Brasília giraem torno de 40%. Hoje são cerca de dois mil estudantes na UnBque ingressaram pelo sistema de cotas. “A cara da universidadeliteralmente mudou. Se você circular aqui hoje, vai notar quese parece muito mais com Brasília e com o Brasil do que anosatrás”.De acordo com oMinistério da Educação (MEC), o sistema de cotasuniversitárias é aplicado atualmente por 35instituições de ensino superior: 16 federais e 19estaduais. As universidades adotam basicamente dois critériospara o sistema de reserva de vagas: o étnico-racial e osocial. As cotas étnico-raciais são destinadas àpopulação negra ou indígena e adotadas por 10universidades. Seis reservam vagas apenas para alunos de escolaspúblicas e outras 19 têm cotas para negros, indígenas,estudantes de escolas públicas e pessoas com deficiência.