Levantamento sobre a população de rua vai abranger 60 cidades

01/10/2007 - 19h17

Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - Descobrir quantas são, quem são e como vivem as pessoas em situação de rua no Brasil é o objetivo da Contagem Nacional da População em Situação de Rua, iniciada hoje (1º). O levantamento foi encomendado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).Para alcançar o objetivo, 2,5 mil pesquisadores passarão por 60 cidades, incluindo capitais dos estados e cidades com mais de 300 mil habitantes. Apenas em quatro capitais o levantamento não será feito: São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Recife (PE) já fizeram essa contagem. Porto Alegre (RS) ainda vai fazer, mas por iniciativa do governo municipal.De acordo com a  coordenadora de Avaliação e Monitoramento da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação do ministério, Júnia Quiroga, a pesquisa é uma resposta a demandas apresentadas por organizações de moradores de rua no 1º Encontro Nacional da População em Situação de Rua, realizado em Brasília, em 2005. “Fundamentalmente, a demanda foi: precisamos saber quantos somos, quem somos e como vivemos, disse, em entrevista à Agência Brasil.A pesquisa será realizada sempre à noite, pelo fato de que as pessoas que vivem na rua costumam andar muito durante o dia. As informações coletadas servirão para responder às interrogações levantadas no encontro. “Por exemplo, informações sociodemográficas básicas: motivo de rua, tempo de rua, origem, último local de moradia, acesso a serviços de saúde, assistência social e benefício social os mais diversos, práticas de higiene, práticas de trabalho", disse Quiroga. "Todas essas informações a gente vai ter. Tendo analisado os resultados, a gente vai poder diferenciar um município do outro quanto as especificidades da população que nele se encontram”.A pesquisa de campo deve durar todo o mês de outubro. Os resultados devem estar disponíveis em fevereiro de 2008.Com o levantamento das especificidades de cada município mapeado, deve ser formulada uma política pública nacional para os moradores de rua. “Mas as especificidades locais têm de estar contempladas no tratamento que será dado em cada município”, ressalta a coordenadora.Para um dos coordenadores do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), Anderson Miranda, a pesquisa é essencial para a formulação de políticas públicas. Ele pondera que, acima de tudo, os moradores de rua querem o respeito da sociedade. “A gente não quer que tenha programinhas para a população [de rua], mas que ela seja respeitada, incluída nos programas do governo federal, que é para todo cidadão e cidadã. É isso o que a gente propõe”.