Marcia Wonghon*
Repórter da Agência Brasil
Recife - Cerca de 800 famílias de dez movimentos sociais de trabalhadores sem-teto interditaram hoje (1º), compneus em chamas, várias vias públicas do centro dacapital pernambucana. Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadaspara apagar o fogo e liberar o trânsito, que ficoucongestionado. A ação marcou o Dia Nacional de Luta pela Habitação.Em frente ao Palácio do Campodas Princesas, sede do governo estadual, um confronto entre os manifestantes e policiais militaresferiu três policias e mais de 10 trabalhadores, de acordo com o Batalhão de Choque da Polícia Militar. Algumaspessoas passaram mal.Os policiais militares usaram spray depimenta, balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneopara dispersar a multidão, que atirava pedras no efetivo dobatalhão de choque. Segundo o comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco,coronel Luís Aureliano, o uso da forçafoi necessário para evitar a invasão da sede do Executivo estadual. De acordo com o líderdo movimento de Luta e Resistência Popular, reverendo Flávio Melo, aconfusão não era previsível e começou quando um militar agrediu com um soco no rosto um dos militantes.“Depois disso a situação ficou fora de controle,houve revolta, pânico, tumulto e pancadaria. Soubemos que umasenhora com mais de 60 anos de idade, integrante de um dos movimentos sociais,sofreu um enfarte. Foi levada ao hospital mais próximo, mas não resistiu. Apesar do tumulto, os trabalhadoresconseguiram mostrar ao governo que irão se mobilizar paraexigir políticas de inclusão social”. Umacomissão de trabalhadores sem-teto foi recebida na sede dogoverno estadual pelo presidente da Companhia de habitaçãode Pernambuco, Jorge Carreiro. O secretárioestadual de Articulação Política, WaldemarBorges, ficou de agendar, para os próximos dias, uma reuniãoentre representantes dos movimentos dos trabalhadores sem-teto e ogovernador Eduardo Campos. O grupo reivindica a construção de50 mil moradias nos próximos quatro anos, alegando que essafoi uma das promessas de Eduardo Campos nacampanha eleitoral. No mesmo momento em que ocorriam asmanifestações no centro da capital, o prefeito deRecife, João Paulo, anunciava que uma parceria firmada com aCaixa Econômica Federal vai permitir a construçãode 528 unidades habitacionais em comunidades de baixa renda.Segundo ele, programa, que prevê a edificaçãode quatro conjuntos habitacionais com apartamentos de dois quartos eáreas de lazer, vai demandar investimentos de R$16 milhões.“Acredito que a resoluçãodesse problema de moradia no Brasil está associada anecessidade de mudança na distribuição de rendae na geração de emprego que o presidente Lula vemfazendo”. O superintendente regional da Caixa EconômicaFederal, Alex Norat, afirmou que o banco deve destinar este ano 80% dos recursos do Fundo de GarantiaPor Tempo de Serviço (FGTS) para a construção dehabitações destinadas a famílias com renda menorque cinco salários mínimos. “Em 2002, esse montantenão atingia 55%”.