Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Aproveitar idéiasde países que enfrentam conflitos armados pode ajudar nocombate à violência no Brasil. Essa é a sugestãoda pesquisadora da área internacional da organizaçãonão-governamental Viva Rio, Rebeca Pérez.“A dificuldade de sediferenciar situação de paz e guerra e grupos armadosde grupos do narcotráfico abre uma oportunidade para a gestãode contextos que mesmo não sendo considerados como guerra,apresentam importantes níveis de violência”, afirmaPérez. “O brasil é um caso paradigmático dessasituação ao se tratar de um país em paz mas comníveis de violência superiores ao da maioria das guerrasatuais”, completa.A pesquisadoraparticipou hoje (28) do seminário Desmobilização,Reintegração e Segurança com Cidadania,promovido pela Viva Rio com apoiodo Ministério da Justiça e do Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento (PNUD). O encontro reuniucerca de 50 pessoas de vários países, como Colômbia,Nicarágua, Haiti, Estados Unidos e Espanha, que apresentaramexperiências de combate e prevenção àviolência.Segundo dados daUniversidade de Barcelona apresentados pela Viva Rio, cerca de 1,3milhão de pessoas em todo o mundo foram atendidas porprogramas governamentais de Desarmamento, Desmobilização eReintegração (DDR) voltados para populaçõesenvolvidas em conflitos armados. Os dados, referentes à 2006,mostram ainda que 22 países desenvolvem esse tipo de programa.Eles duram, em média, três anos e meio e custam US$1,57 dólar por pessoa.De acordo com a pesquisa realizada no ano passado, as criançasrepresentam cerca de 10% dos atendidos.Durante o encerramentodo seminário, o ministro da Justiça, Tarso Genro,afirmou que vários projetos do Programa Nacional de SegurançaPública com Cidadania (Pronasci), lançado pelo governofederal, já foram testados no Brasil ou em outros países,especialmente na América Latina."O programa éuma grande coleta de experiências positivas que foramtransformadas em um projeto consistente", disse o ministro. "Háexperiências muito positivas na Colômbia e em cidadesbrasileiras que colocam a relação comunitáriacomo um elemento integrante da segurança pública,combinando ações policias e de inteligência com aparticipação da comunidade e ênfase nos jovens",explica.Para o coordenador doPrograma de Atenção aos Ex-Combatentes de Bogotá,Dario Villamizar, investir em educação e saúdepode ajudar a desarmar e reintegrar pessoas envolvidas em conflitosarmados. Segundo ele, das 45 mil pessoas que abandonaram asguerrilhas e grupos paramilitares nos últimos cinco anos naColômbia, apenas 4% voltaram a atuar nesses grupos armados."Ainda concedemos ajuda financeira no valormensal de US$ 7 e uma autorização de 90 dias para autilização de qualquer hospital da rede de Bogotá.Além dos programas relacionados à cultura eesporte", detalhou Villamizar.O coordenador que também participou do seminário disseainda que os ex-integrantes das guerrilhas das Forças ArmadasRevolucionárias e do Exército de LibertaçãoNacional, além dos grupos paramilitares, têm entre 18 e26 anos e apenas três anos de estudo. Cerca de 95% deles sãooriundos de áreas rurais.