Raphael Ferreira
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Clubes de oficiais das três Forças Armadas contestam na Justiça a promoção póstuma do capital Carlos Lamarca ao posto de coronel, o quarto mais alto do Exército, do qual ele desertou para participar da luta armada contra a ditadura militar, até morrer em 1971. Em junho, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça decidiu conceder a promoção póstuma e o direito, à família de Lamarca, de receber indenização.
Segundoo advogado da ação, Emilio Nina Ribeiro, a Marinha, o Exército e aAeronáutica questionam a legitimidade dessa anistia, sob a alegação de que o Ministério da Justiça não teria competência para tomara decisão.
"Oque nós estamos discutindo nessa ação é a Portaria 1.267, de2007, que resolveu promover a coronel um ex-capitão do Exército, desertor,condenado por vários crimes militares, contrariando toda alegislação existente. Estamos falando de um homem que pegou em armaspara instaurar uma ditadura marxista no país. E depois ainda recebeuhonras de general de brigada, com os proventos inerentes ao cargo.Queremos não só que a viúva pare de receber esses proventos, mas tambémque ela devolva o dinheiro aos cofres públicos", disse o advogado.
Com a ação judicial, os militares pretendem anular a indenização recebidapor Maria Pavan Lamarca, calculada em mais de R$ 900 mil. Por meio da assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, a Comissão de Anistia informou ainda não ter conhecimento dessa ação. E o presidente da comissão, Paulo Abrão, disse que o caminho corretopara se questionar decisões de autoridades públicas é a via judicial – por isso só se manifestará quando for acionado pelo Poder Judiciário.
Outrasduas portarias do Ministério da Justiça concedem cerca de R$ 200 mil adicionais à família de Lamarca, mas a ação movida pelos militares nãorequer a anulação delas.