Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Orendimento médio mensal dos trabalhadores aumentou 7,2% em 2006, atingindo omesmo patamar registrado em 1999, estimado em R$ 883,00. A alta, que ocorrepelo segundo ano consecutivo, é maior do que a observada de 2004 para 2005(4,6%), mas não foi suficiente para recuperar perdas ocorridas a partir de1996, quando a renda média era de R$ 975,00.Crescimento mais significativo ocorreu entre aspessoas de rendimento menor, cujos ganhos em 2006 superaram a maior médiaapurada em 10 anos, permitindo a recuperação do poder de compra perdido no período.De acordo com os resultados da Pesquisa Nacionalpor Amostra de Domicílios (Pnad) 2006 divulgada hoje (14) pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os ganhos médios para pessoas derenda mais baixa passaram de R$ 267,00 em 1996, para R$ 293,00 em 2006.De acordo com a coordenadora de Trabalho e Rendimentosdo IBGE, Márcia Quintslr, a recuperação do poder de compra dos trabalhadores,principalmente os de renda menor, ocorreu em função do crescimento real de13,3% no salário mínimo de 2005 para 2006.“Houve um crescimento vigoroso nos rendimentos reaismédios de trabalho, sendo que para os rendimentos mais baixos a gente alcançoupatamares médios superiores aqueles observados em 96, o ponto da série queestamos estudando em que o rendimento foi mais elevado, pós-plano real. É umatendência que a gente vinha observando até por conta do crescimento real novalor do salário mínimo ao longo do período”.Quintslr destacou que o crescimento maior daremuneração entre as classes mais baixas contribui para dar continuidade ao“suave processo” de desconcentração de renda no país, mas não chega a causarimpacto significativo na desigualdade dos ganhos.“Até se observa uma pequena redução de concentraçãosim, no entanto, a concentração de rendimentos no país tanto entre pessoas demenores rendimentos para as de maiores rendimentos, como entre as regiõescontinua forte. Essa desconcentração ocorreu, mas não foi suficiente parareduzir esse quadro”.A Pnad registrou redução no chamado índice de Gini,que serve para medir a concentração dos rendimentos, em todas as regiões dopaís, mas comprovou também que em 2006 os 10% da população ocupada de maisbaixos rendimento detiveram somente1% do total dos ganhos com trabalho,enquanto os 10% com as maiores rendas concentraram 44,4% do total dasremunerações. O panorama apresentou pequena variação em relação ao anoanterior, em que as parcelas foram de 1,1% e 44,7% respectivamente.Apesar dos maiores ganhos no rendimento dostrabalhadores em geral ter sido registrado no Nordeste (alta de 12,1%), a rendamédia para a região foi de R$ 565,00, quase a metade do alcançado na RegiãoSudeste (R$1.027,00).De acordo com o levantamento, o rendimento dostrabalhadores domésticos cresceu 7,9%, o dos trabalhadores por conta própria,5,4% e dos empregados, 8,4%. Entre os empregados, os ganhos reais nos rendimentosforam mais altos para militares e funcionários públicos (11,5%), seguidos pelosempregados com carteira assinada (4,5%) e pelos trabalhadores sem carteira(4,3%).