Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil é hoje um país muito mais bem preparado para enfrentarturbulências financeiras internacionais do que no passado, por que temuma economia mais sólida e impulsionada pela expansão da demandadoméstica.A avaliação foi feita pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em palestra durante a 4ª Conferência Brasileira de seguros, resseguros,previdência privada, saúde suplementar e capitalização (4ª Conseguro). Para Meirelles, porém, ainda é prematuro afirmar que o país não terá o seu crescimento afetado nos próximos dois anos pela turbulência causada pelo mercado imobiliário norte-americano, pois ninguém está imune a crises externas de liquidez.“É muito prematuro afirmar que vai ocorrer um ou outro resultado [de crescimento ou de queda da economia] em função da turbulência externa. Ela é não é boa para ninguém e ninguém está imune a ela. O que nós estamos dizendo é que o Brasil hoje está muito mais preparado contra estas turbulências. O país tem atualmente uma economia que, não só é solida, mas que está crescendo impulsionada pela demanda doméstica. Portanto, menos dependente da demanda internacional”.“ Isto significa que o Brasil hoje, portanto, é um dos países que está melhor preparado para manter o seu crescimento dentro deste cenário. Agora, é evidente que todos temos que estar olhando com atenção, principalmente os bancos centrais - vigilantes no mundo todo - porque crises em uma economia grande como a norte-americana não é bom para ninguém”, alertou. Meirelles não quis opinar sobre o comportamento futuro das taxas de juros e de inflação, ou sobre os indicativos que estariam embutidos na ata da última reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) e justificou: “Uma das normas de governança dos bancos centrais que funcionam sob o regime de metas de inflação é não comentar a ata e, principalmente, não fazer comentários sobre previsões futuras".Para Meirelles, a última ata é auto-explicativa - bastante cuidadosa. "Nós perdemos bastante tempo para que ela expressasse tudo que tinha que ser expressado. Tudo aquilo que tínhamos a dizer está na ata, portanto, não há nada mais a acrescentar a respeito”.Sobre o crescimento acumulado de 4,9% do ProdutoInterno Bruto Brasileiro (PIB) – a soma de todas as riquezasproduzidas no país – e o fato de ele estar hoje muito maiscalcado no consumo interno do que no volume das exportações,Meirelles ressaltou também a importância do períodoem que exatamente as exportações calçaram aexpansão da economia.“O fato de que a nossa retomada do crescimentoeconômico em 2003 e 2004 tenha se dado fortemente influenciadopelas exportações teve como grande vantagem permitirque o Brasil equilibrasse o setor externo, construíssereservas e gerasse saldo positivos em conta corrente".Segundo Meirelles isso foi muito importante econtinua sendo porque deu condições de estabilizar aeconomia - além da estabilidade interna monetária efiscal. Ele afirmou que isso, criou as condições paraque hoje o Brasil cresça impulsionado pela demanda doméstica."A expansão do crédito interno,do consumo e da renda é muito importante porque reflete amelhora do padrão de renda da populaçãobrasileira. Então nós temos não só umaeconomia mais equilibrada, mas que é capaz de distribuirrenda”.