Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O aumento de 7,2% no rendimento médio do trabalhono país em 2006, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) foi considerado excelente por Serguei Soares, pesquisadordo Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea). Segundoele, no entanto, a tendência é que o ritmo do avanço da renda não seja mantidoem 2007, já que a taxa supera em muito a do crescimento do Produto InternoBruto (PIB).“Um crescimento do rendimento médio do trabalho de7,2% é muito bom, excelente, para qualquer padrão. O problema é que a gentepassou a maior parte do tempo com a renda do trabalho caindo. Mas é provávelque essa taxa acabe caindo, pois com uma taxa de crescimento entre 5% a 6% noPIB, que é ótima e eu espero que continue, não dá para ter uma taxa muitosuperior”, avalia.O crescimento da renda foi maior em 2006, segundo oIBGE, para a população que ganha menos, permitindo recuperar o poder de compraque havia sido perdido em 10 anos. Para Soares esse aumento diferenciado é umavanço para a desconcentração da renda no país, mas o grande desafio é manter oprocesso nos próximos anos.“Com certeza é um avanço. Há um processo dedesconcentração de renda que vem acontecendo. Agora, esse processo tem quedurar muito tempo ainda. O ritmo de desconcentração está bom o problema é queprecisamos mantê-lo por muito tempo mais. Não se constrói um estado de bemestar social da noite para o dia”De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra deDomicílios (Pnad) 2006 divulgada nessa sexta-feira pelo IBGE o rendimento médiomensal dos trabalhadores aumentou 7,2% em de 2005 para 2006, atingindo o mesmopatamar registrado em 1999, estimado em R$ 883,00. A alta, que ocorre pelosegundo ano consecutivo, foi maior do que a observada de 2004 para 2005 (4,6%),mas não foi suficiente para recuperar perdas ocorridas a partir de 1996, quandoa renda média era de R$ 975,00.Jápara pessoas ocupadas que ganhavam menos a média de renda ficou em R$ 267,00 em2006 superando os R$ 293,00 registrados em 1996. A Pnad registrou redução no chamado índice de Gini,que serve para medir a concentração dos rendimentos, em todas as regiões dopaís, mas comprovou também que em 2006 os 10% da população ocupada de maisbaixos rendimento detiveram somente1% do total dos ganhos com trabalho,enquanto os 10% com as maiores rendas concentraram 44,4% do total dasremunerações.O panorama apresentou pequena variação em relação ao anoanterior, em que as parcelas foram de 1,1% e 44,7% respectivamente.