José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O dado mais preocupante da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2006 é a queda do número de alunos na rede pública de ensino, na avaliação de Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. O número de alunos matriculados no ensino público caiu 0,7% no geral, enquanto a população que freqüentava a rede privada de ensino cresceu 7,5%.Falta investimento para garantir vagas e qualidade de ensino na rede pública, para Cara. “No ensino superior é compreensível o aumento, porque expandem as matrículas nas universidades privadas, que tem acesso mais fácil. Agora, na educação básica, se aumenta o número de matrículas na rede privada, significa que as famílias estão desacreditando no ensino público”.Apesar do aumento da rede privada, as escolas públicas ainda concentram a maior parte da população escolar do país. São cerca de 43,7 milhões do total de 54,9 milhões de alunos de instituições privadas. “Esse dado da Pnad é o mais preocupante, pois é a descrença na principal instituição da educação brasileira, que é a rede pública básica”.A única possibilidade de reverter o quadro e dar um “salto de soberania educacional” é aumentar o investimento na rede básica de ensino. “Se o texto do Plano Nacional de Educação (PNE) tivesse sido aprovado integralmente, em 2001, teríamos 7% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano aplicados em educação. Hoje são apenas 3,8% do PIB. Estamos ainda muito longe para alcançar as metas do Plano”, pontuou. Lançado em 2001, o PNE estabelece metas para universalização e melhoria do ensino público brasileiro, a serem alcançadas pela União, estados e municípios em até dez anos. Parte do plano aprovado pelo Congresso Nacional foi vetado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.