Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As famílias com rendimentos mais elevados investemmais em saúde preventiva, enquanto as famílias com rendas mais baixasdestinam seus recursos em maior volume à saúde curativa. Enquantoaquelas cujo rendimento mensal ultrapassa R$ 6 mil gastam 23,7% dototal de suas despesas de saúde em remédios, as que ganham até R$ 400gastam cerca de 76%.Quando se fala em plano de saúde,no entanto, o cenário se inverte. Esse tipo de gasto representa 37,2%do total de despesas de saúde das famílias mais ricas e apenas 7% dasmais pobres. Para os técnicos do IBGE, essa realidade indica fragilidade da condição de saúde dos mais pobres.“Como as famílias com renda inferior em geral não têmplano de saúde, esses números também indicam uma necessidade de serviçospúblicos capazes de atender a esse contingente populacional”, afirmouLibete Ferreira, técnica do Instituto.É o que acontece com a empregada doméstica BernadeteCândida, que sustenta sozinha quatro filhos. Nenhum deles tem plano desaúde."Ninguém lá em casa tem [plano de saúde] porque eu não tenho dinheiropara pagar. Quando alguém fica doente, compro remédio ou levo nohospital público", afirmou.O levantamento indica que, de um modo geral, asfamílias dedicam pequena parcela de seus rendimentos à assistência àsaúde, índice que varia entre 4% e 6%. De acordo com o IBGE, issorepresenta que esta área não está entre as prioridades ou reaisnecessidades de consumo das famílias brasileiras.As desigualdadesentre as classes também ficam mais evidenciadas quando se observaque entre os 10% mais ricos da população destinam-se cerca de R$ 432 aserviços de saúde enquanto os que vivem em famílias situadas entre os40% mais pobres do país gastam sete vezes menos, aproximadamente R$63,49. Na divisão por regiões, o estudo revela que no Nordeste, o total de despesas com assistência à saúde é inferior a R$100, enquanto no Sul elas chegam a R$ 129,13 e no Sudeste, R$ 180,87.