Renato Brandão e Paulo Montoia *
Da Agência Brasil
São Paulo - O número de mortes entre mulheres no estado de São Paulo em decorrência de câncer de traquéia, brônquios e pulmões (doenças relacionadas ao tabagismo) cresceu 41% em um período de dez anos. O dado é de pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), órgão do governo do estado, divulgada hoje (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo. Os indicadores referem-se ao período de 1996 a 2005.  Foram 4.770 mortes relacionadas ao câncer de traquéia, brônquios e pulmões em 2005 no estado, um aumento de 13,5% frente a 3.623 óbitos em 1996. A parcela da população feminina nesses totais cresceu  de 27% em 1996 para 34% do total em 2005.Entre 1996 e 2005, o coeficiente de mortalidade para a população feminina cresceu 41%, de 5,6 para 7,9 óbitos por 100 mil mulheres. Para a população masculina, no mesmo período, o crescimento foi de apenas 3,7%, passou de 15,6 para 16,2 mortes por 100 mil homens. Para a população total do estado, o índice cresceu de 10,5 para 11,9 óbitos por 100 mil habitantes.Segundo o Instituto Nacional do Câncer, o número de fumantes no Brasil diminuiu de 30 milhões, em 1989, para 23 milhões, em 2003. Nesse período, o total de fumantes na faixa etária acima de 15 anos diminuiu de 32,5% para 17,4%.Em entrevista à Agência Brasil, o diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Antonio Santini Rodrigues da Silva, disse que o aumento do número de mulheres fumantes deve-se à inserção social no trabalho.  Ele defendeu a adoção de políticas de gênero sexual para enfrentar esse problema.“O número de mulheres fumantes, ao contrário do de homens, está aumentando. Está aumentando, porque talvez socialmente e culturalmente as mulheres passaram a utilizar, do ponto de vista das suas relações sociais, os mesmos ambientes do homem, ou seja o mercado de trabalho. Isso pode ter gerado uma mudança cultural e as mulheres adquiriram hábitos que eram mais freqüentes entre os homens. Então, uma política de gênero neste caso é muito importante.” O médico também comentou a interrelação entre as diferentes ocorrências da doença. Segundo ele, alguns cânceres, que são mais incidentes e mais mortais entre as mulheres, como o de mama e o de colo do útero, também estão associados ao tabaco, embora as pessoas não saibam. "As pessoas acham que câncer desenvolvido pelo tabaco é só o câncer de pulmão. Câncer de mama e de colo de útero é mais freqüente entre mulheres fumantes do que entre as não fumantes, embora o câncer de colo de útero tenha relação de causalidade com o papiloma vírus, mas as mulheres que mesmo que tenham o vírus e são fumantes tem mais possibilidade de ter câncer do que as que tenham o vírus e não são fumantes.”