Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A greve dos cirurgiões cardiovasculares no Ceará parece longe do fim. Os médicos informaram hoje (29), após reunião no Ministério da Saúde, que só voltam ao trabalho com a "intervenção impositiva" do Ministério Público. Também participaram da reunião parlamentares do estado.“Se o Ministério Público não nos obrigar de forma imperiosa a voltar a trabalhar, vamos continuar paralisados, já que não houve aceno do governo federal em reajustar a tabela [do Sistema Único de Saúde]”, disse o diretor da Cooperativa de Cirurgiões Cardiovasculares do Ceará, Haroldo Brasil.Os cirurgiões pedem a revisão dos valores pagos pelos procedimentos médicos remunerados pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). Eles querem um reajuste de 350% nos valores pagos. Atualmente, uma cirurgia cardíaca custa R$ 83, valor que, segundo os médicos, não tem reajuste há mais de 12 anos.O Ministério da Saúde prometeu estudar o aumento do valor repassado a todos estados para os próximos quatro anos, que poderá ser aplicado nos procedimentos de alta complexidade como as cirurgias cardiovasculares. Mas para reajustar o valor dos procedimentos, o ministério conta com a aprovação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) - responsável por R$ 15 bilhões no orçamento da Saúde -, a ampliação do orçamento federal e a aprovação da Emenda Constitucional n° 29 (define os percentuais da arrecadação de impostos que devem ser destinados à saúde), conhecida como PEC da Saúde, segundo a assessoria de imprensa do ministério.Para os médicos em greve, a promessa não é suficiente. “Entre estudar e acontecer efetivamente os repasses existe uma grande distância”, ressaltou o diretor da cooperativa de cirurgiões cardiovasculares. Ainda de acordo com Haroldo Brasil, não há vantagens em se atender pelo SUS, já que o profissional não tem vínculo trabalhista e recebe por cirurgia.Em greve há mais de 15 dias, os cirurgiões cardiovasculares do Ceará atendem em quatro hospitais particulares credenciados ao SUS. Após uma reunião com o governo estadual, no começo da semana, voltaram a atender casos de emergência para evitar a superlotação dos hospitais públicos – que não estão em greve.No início da semana, o Ministério da Saúde anunciou R$ 45 milhões para o Ceará. Mas os cirurgiões entendem que o valor não garante mudanças no atendimento pelo SUS e permitirá, apenas, pequenos reajustes. “O governo estadual estava pleiteando R$ 29 milhões por mês e o ministério [da Saúde] ofereceu R$ 45 milhões para o restante do ano”, destacou Haroldo Brasil.A Secretaria de Saúde do Ceará informou que o atendimento foi reforçado nos hospitais públicos. O secretário-executivo da secretaria, José Arruda Bastos, anunciou que na próxima sexta-feira (31) encontrará os médicos em greve para tentar um acordo.