Livro é unilateral, afirma Passarinho, ex-ministro dos militares

29/08/2007 - 20h48

Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - Um livro que conta apenas um lado da história. É assim que Jarbas Passarinho, que participou como ministro de vários governos militares durante a ditadura, classifica o livro lançado hoje pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), Direito à memória e à Verdade. “Ele está escrevendo a história de um ponto de vista unilateral, absolutamente unilateral”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.Para Passarinho, houve sim crimes praticados pelos agentes públicos do regime militar, mas é preciso lembrar que também os opositores ao regime cometeram irregularidades. O político explica que, na Lei de Anistia aprovada em 1979, esses crimes eram chamados de "crimes conexos".“Só se levam em consideração os crimes conexos de um lado, o conexo do outro lado não se leva, e o presidente diz que pode levar, desde que tenha sido injustiçado como foi o [Carlos] Lamarca, aí é que eu não consigo entender”, diz, em referência ao capitão que virou guerrilheiro, sendo considerado desertor pelo Exército e posteriormente morto pela ditadura em 1971.Sobre os 140 cadáveres de vítimas da ditadura que continuam desaparecidos, Jarbas Passarinho acredita que os que ainda não foram localizados são os que estão perdidos na Floresta Amazônica, após a Guerrilha do Araguaia (1966-1974). “Eu reconheço que há corpos que devem estar na mata e que a luta por parte do Exército não devolveu esses corpos às famílias”. O ex-ministro diz, no entanto, que encontrar as ossadas é um desafio muito difícil, mesmo que os arquivos militares sejam abertos. “Se os arquivos tivessem colocado um mapa onde cada um está enterrado, bastaria abrir os arquivos, agora os arquivos já estão hoje no Arquivo Nacional. Por que eles não aparecem? Porque ficam na mão de quem pode manipulá-los de acordo apenas com o seu ponto de vista. É outra vez faccioso”, afirma. “A suposição que se tem é que eles foram queimados ou foram de qualquer maneira inutilizados, então a simples abertura do processo não vai realizar o objetivo preciso, que é saber onde estão esses corpos.”