Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (29) que o seu governo não mediráesforços para contribuir na busca de uma solução para os casos dedesaparecimentos e mortes de opositores políticos com envolvimento de autoridades doEstado brasileiro durante o período de 1961-1988.“Nósvamos continuar. Vamos continuar com mais experiência. Da experiênciade 11 anos, a comissão já sabe o que foi difícil, o que foi mais fácil,o que é possível aprimorar, o que não é possível aprimorar. Se forpreciso fazer decreto, fazer lei, nós vamos ter que fazer. Se forpreciso colocar mais gente na comissão, vamos colocar", disse ele. "Não haveránenhum problema de conversar com quem quer que seja, envolver quantosministros forem necessários, para que a gente possa apresentar essaresposta. A resposta que eu acho justa”, completou Lula, ao participar,nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto, do lançamento do livro Direito à Memória e à Verdade. Com500 páginas, o livro é resultado de 11 anos do trabalho da ComissãoEspecial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e atualiza a versão oficial sobre as histórias pessoais de479 militantes políticos no período de 1961 a 1988. A comissão especial foi instituída em 1995 com o objetivo dereconhecer cada caso, aprovar a reparação indenizatória e localizar osrestos mortais que nunca foram entregues para sepultamento. Formada porrepresentantes de órgãos do governo, das Forças Armadas, do MinistérioPúblico, da Câmara dos Deputados e familiares, o grupo analisou,investigou e julgou 339 casos. No total, 221 pessoas receberamindenização, com valores de R$ 100 mil a R$ 152,5 mil. Durantea cerimônia, o presidente Lula também elogiou o trabalho realizadopelos representantes da comissão: “Quero cumprimentar todos os membrosdesta comissão, que, durante 11 anos, trabalhou paraque nós pudéssemos subir a quantidade de degraus que nós estamossubindo. É como se fosse a Muralha da China. Ela é longa, mas, se nóslembrarmos o quanto parecia impossível quando começou a comissão elembrarmos o que se avançou, nós chegaremos à conclusão hoje de que aMuralha da China não é tão intransponível como parece ser”.Ementrevista à imprensa, depois do lançamento do livro, ao ser indagadosobre a necessidade de abertura de arquivos da ditadura militar ainda desconhecidos do público, o presidenterespondeu: “ADilma é responsável por isso. Grande parte dos arquivos já foi para oArquivo Nacional. O que falta será mandando para o Arquivo Nacional. Eo que nós queremos é contribuir, trabalhar, para que a sociedadebrasileira feche a página dessa história, vire a página de uma vez portodas. Acho que há disposição para isso, há vontade para isso. Acho quehá vontade dos brasileiros, dos militares, da polícia. O que nós vamosfazer é aquilo que nós temos condições de fazer por isso, a Dilma écoordenadora disso”.