Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os gastos com habitação, alimentação e transporte sãoos principais responsáveis por 61% das despesas das famíliasbrasileiras. O pesoque esses grupos têm no orçamento familiar, no entanto, muda deacordo com o nível de escolaridade.Os dados fazem parte de um levantamento divulgadohoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), queconfirmou a forte relação entre escolaridade, rendimento e despesas. Com base nos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de2002 e 2003, o levantamento concluiu que nas famílias cuja pessoa dereferência (principal responsável pelas despesas da casa) tem 11 anosou mais de estudo os rendimentos são cerca de três vezes superiores aos dasfamílias cuja pessoa de referência tem menos de um ano de estudo. De acordo com o IBGE, quanto mais anos de estudo,os grupos alimentação e habitação têm impactos menores sobre oorçamento. O técnico do José Mauro de Freitas Júnior explica queisso acontece porque, quanto mais alto o rendimento, mais amplo é oleque de despesas e o peso de cada item fica mais diluído no resultadofinal. “Quanto mais aumenta a renda, algumas despesas vãoperdendo seu peso relativo, porque a composição total das despesastambém sofre alterações, vai ganhando novos itens. Além disso, se apessoa ganha muito mais, não vai passar a comer muito mais. Ela podeter acesso a alguns alimentos mais caros, de melhor qualidade, mas não vai sair comendo desesperadamente por causa disso”, explicou.No caso do grupo transportes, a tendência éinversa. Quanto mais elevado o grau de escolaridade, maior o pesorelativo no total das despesas. As famílias cuja pessoa de referênciatem mais anos de estudo gastam mais com itens como combustível eaquisição de veículos, que são mais caros.Já as famílias menosescolarizadas destinam mais recursos a transporte urbano, que envolvetrens, ônibus, metrô entre outros. No estrato mais baixo, esse item éresponsável por 38,1% do total de gastos, enquanto no estrato maiselevado, ele responde apenas por 9,8%. O estudo também revelou que os gastos com impostosapresentam importantes variações entre os dois extremos. No estratomais baixo, a despesa média mensal foi de R$ 9,69, enquanto o maiselevado, cerca de 25 vezes maior, foi de R$ 239,39. Os gastos comeducação também aumentam conforme o grau de escolaridade. As famíliascuja pessoa de referência tinha 11 anos ou mais de estudo gastam 20vezes mais do que aquelas em que o principal provedor tem menos de umano de estudo. O IBGE destaca, no entanto, que isso pode ser reflexo dofato de as famílias com renda mais baixa recorrerem à educaçãopública.“Isso não quer dizer necessariamente que as pessoasque tiveram menos acesso à educação estejam menos interessadas e,portanto, invistam menos nessa área, já que a educação pública não écontabilizada nesse levantamento. Mas podemos dizer que a educação éexponencial e, quanto mais você tem, mais você procura”, afirmou.