Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As famílias cuja pessoa de referência (principalresponsável pelos gastos) é de cor branca gastam em média 80% a mais doque aquelas que têm pretos ou pardos nesta posição. Além disso, asdespesas das famílias com principal provedor branco (R$ 2,3 mil)superam a média nacional (R$ 1,8 mil) em aproximadamente 25%.A médiade despesas das pessoas de cor preta ou de cor parda ficou em torno deR$ 1,2 mil. Os dados foram divulgados hoje pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fazem parte de umlevantamento baseado na Pesquisa de Orçamentos Familiares dos anos de2002 e 2003. A classificação "branca", "preta" e "parda" é usada pelo IBGE para o estudo. O estudo apontou que mais de 80% das famíliascom pessoa de referência de cor preta ou parda tinham rendimento médiode R$ 757 e R$ 731, respectivamente. No grupo formado pelas famíliascuja pessoa de referência era de cor branca, cerca de 80% tinhamrendimento médio familiar de R$ 1,1 mil.A composição das despesas também apresentouimportantes variações de acordo com a cor da pessoa de referência,declarada pelas famílias investigadas. Os gastos mensais com educaçãonas famílias chefiadas por brancos (R$ 83,16), por exemplo, foram maisque o dobro do que em famílias cujo principal provedor era preto (R$30,17) ou pardo (R$ 31,13). Os gastos com alimentação tiveram menor peso no totaldas despesas de consumo das famílias com pessoa de referência da corbranca, o que segundo os técnicos do IBGE, é típico dos que possuemrendimentos mais elevados, que contam com um leque de opções de consumomais amplo.No caso da habitação, o peso foi maior nas famíliascom pessoa de referência de cor preta do que nas de cor branca ouparda. De acordo com o IBGE, isso pode se dar em função de gastos maisexpressivos com aluguel, que representou aproximadamente 45% do totaldas despesas de habitação. Através do estudo, também foi possível observar queos gastos com transporte, especialmente com a aquisição de veículos,foi 20% maior nas famílias com pessoa de referência branca em relaçãoàs famílias com pretos e pardos. Nas famílias com pessoa com referênciade cor preta, o item que mais pesou foi transporte urbano, que incluiônibus, trem, metrô entre outros.O levantamento do IBGE apontou ainda que as famíliascujo principal provedor é de cor branca gastam praticamente o dobro comassistência à saúde. Enquanto a despesa média mensal nacional é de R$103, essas famílias gastam R$ 136,22. Já aquelas cujo principalprovedor é de cor preta ou de cor parda gastam cerca de R$ 64. Outra disparidade encontrada pelo estudo aconteceentre as famílias chefiadas por homens e aquelas cuja pessoa dereferência é uma mulher. No primeiro caso, o rendimento médio familiaré 21% maior do que o do segundo. Os dados revelam, ainda, que mais dametade (57%) das famílias chefiadas por mulheres contam com rendimentomensal de até mil reais, enquanto esse padrão é vivido por 49% dasfamílias cuja referência familiar é masculina.