Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Estudo divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE) confirmou a forte relação entre grau deescolaridade, rendimento e despesas. Com base nos dados da Pesquisa deOrçamentos Familiares dos anos de 2002 e 2003, o levantamento mostrou que as famílias nas quais a pessoa de referência (principal responsávelpelas despesas da casa) tem 11 anos ou mais de estudo ganha, em média,cinco vezes mais do que as famílias cuja pessoa de referência tem menosde um ano de estudo.De acordo com o levantamento, o primeiro grupo temrendimentos médios mais elevados (R$ 3.796,00) e gasta mais (R$3.683,00). Por outro lado, os menores rendimentos médios (R$ 752,00) eas despesas mais reduzidas (R$ 769,00) foram verificados no segundogrupo. O estudo revelou, ainda, que a existência de umapessoa com nível superior aumenta em quase três vezes as despesas deuma família em relação a outra em que nenhum dos membros concluiu umafaculdade. Se houver mais do que uma pessoa, essa diferença pode sercinco vezes maior. No Brasil, em 84% das famílias não há qualquerpessoa com nível de instrução superior.O técnico do IBGE José Mauro de Freitas Júniordestaca que apesar de a educação ter avançado nas últimas décadas noBrasil, o ensino superior ainda é privilégio de poucos.“Aproximadamente 40 milhões de famílias não contamcom pessoas que tenham feito faculdade. Mesmo que o país venhaexperimentando mobilidade social, com filhos atingindo grau deinstrução maior do que o de seus pais, a questão da escolaridade aindaé ínfima”, destacou. Para o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV),Marcelo Nery, esses dados reforçam a educação como principal fator capazde impulsionar a renda. “Isso só confirma o caráter fundamental que aeducação tem para a melhoria das condições de vida da população. Comisso, as pessoas que têm mais educação gastam mais porque têm maisrenda, mais possibilidades e se permitem consumir mais”, destacou.