Diego Paes
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - AChacina de Vigário Geral, que completou hoje (29) 14 anos, foi lembrada com missa na Igrejade São José, no centro da cidade. Na chacina, que ficou conhecidainternacionalmente, policiais que se autodenominavam "cavalos corredores"entraram na comunidade, na zona norte da cidade, e assassinaram21 pessoas a tiros na noite de 29 de agosto de 1993.
Segundoinvestigações do Ministério Público, os policiais queriam se vingar doassassinato de dois colegas na noite anterior, em uma praça perto deVigário Geral. As vítimas da vingança policial não tinham, entretanto,envolvimento com o tráfico de drogas.
"Atéhoje somente as vítimas e seus familiares foram punidos. Dos presos,dos 50 acusados envolvidos no evento, sete somente foramcondenados e dois morreram por razões diversas. E as famílias sequerreceberam alguma indenização em decorrência desse fato", disse o advogado de seis famílias de vítimas da chacina, João Tancredo.
A professora Silvia Ramos, do Centro de Estudos em Segurança eCidadania da Universidade Cândido Mendes, considera a chacina de Vigário ummarco na história do Rio de Janeiro. Segundo ela, a partir daí, teveinício uma resposta da sociedade paraa violência, por intermédio dos movimentos sociais.
"Dasmanifestações da sociedade civil brasileira, nos anos 90, as maisimportantes foram essas, em que surgiram jovens e lideranças de favelasfalando na primeira pessoa. Não somos mais nós, das universidades, ou ogoverno falando deles, a mídia falando deles. São eles falando sobreeles. Eles reivindicam para si que ninguém mais fale por eles",afirmou a professora.
Asmanifestações sobre a chacina estão sendo organizadas pela Associaçãode Moradores de Vigário Geral junto de outras entidades, com o objetivode não deixar o crime cair no esquecimento.