Crianças peruanas temem outro terremoto

25/08/2007 - 18h17

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A psicólogaÂngela Coelho, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), está em Pisco, a cidade mais atingida pelo terremoto que devastou o sul do Peru há dez dias. Especialista em atendimento emergencial, está implantando um programa de atendimento psicossocial.Segundo ela, as pessoas estão preocupadas e abatidas. Não sabempara onde levar seus familiares e como podem ter acesso aos produtos deprimeira necessidade. A sensação de desamparo é grande devido àdestruição dos prédios. “A casa é o lar da pessoa, é o sentido de estaraqui, de pertencer a uma comunidade. Quando você vê que essa comunidadefoi devastada, esse sentimento de 'desproteção', de não ter para onde ir,é enorme”.As crianças, diz a psicóloga, têm medo que ocorra um novotremor. “Ficam mais agitadas, mas os psicólogos têm orientado ospais sobre como conversar com os filhos a respeito do medo, e sobre oabalo dos filhos diante da magnitude do ocorrido”. Já osadultos costumam se assustar com os sentimentos de raiva ou tristeza.“É aí que entra o trabalho do psicólogo para explicar que são reaçõesnormais diante de um evento tão anormal”.A praça principal de Pisco éo centro de toda a logística de atendimento às vítimas, que foramcolocadas em tendas. Muitas famílias deixaram a cidade e rumaram para acapital, Lima, ou outras cidades em busca de abrigos em casas defamiliares. É também na praça que funciona o espaço psicossocial, ondecentenas de pessoas são ouvidas diariamente. “O serviço dos psicólogosé basicamente escutar. É a vivência do luto, da perda do familiar, de comovai ser daqui para diante”.