Eficácia do câmbio flutuante aparecerá neste momento de crise, diz Mantega

22/08/2007 - 23h35

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou na noite de hoje (22) que a economia brasileira não vai ser abalada pelos efeitos da crise mundial e citou o câmbio flutuante como um dos responsáveis por essa condição."O Brasil possui mecanismos que neutralizam essas mudanças que poderão ocorrer no cenário mundial. Como nós temos hoje uma taxa de câmbio flutuante, agora ela vai mostrar por que é eficiente", afirmou o ministro. Ele acrescentou que a flutuação "cria um novo equilíbrio cambial que talvez acuse uma redução do preço das commodities, que é alto há vários anos, porém ela pode beneficiar o setor manufatureiro".Em entrevista antes de discursar na solenidade de entrega do Prêmio de Excelência Empresarial da Fundação Getúlio Vargas, Mantega admitiu a possibilidade de um saldo comercial menor. "Nesse caso, teremos então uma mudança da taxa cambial que vai favorecer outras exportações, mas toda a perda que possamos ter no comércio internacional será compensada na demanda interna. Então, haverá um desvio de demanda para o mercado interno", afirmou.O ministro disse que ainda é cedo para prever os efeitos da crise, mas a economia brasileira não deverá ser muito afetada caso ocorra uma desacelaração da economia mundial: "Mesmo que haja essa desaceleração, pelas condições específicas do Brasil e pelo dinamismo nosso no mercado interno, acredito que não teremos desacelaração do crescimento no Brasil".Segundo Mantega, não será necessário aumentar juros ou fazer um ajuste fiscal de emergência. "Não precisamos elevar os juros para atrair capitais de fora porque as nossas contas externas estão muito saudáveis. E continua havendo um fluxo positivo de dólares no Brasil", disse.Ele considerou uma "medida positiva" a decisão do Federal Reserve [o equivalente ao Banco Central nos Estados Unidos] de colocar mais recursos em circulação, o que acalmou os mercados. "Isso não significa que a turbulência terminou, mas continuo afirmando: vai afetar muito pouco o crescimento brasileiro. Nossa discussão é: será que vamos crescer 4,5 ou 5%? O Brasil tem condições excepcionais, tem uma posição bastante sólida para passar por uma turbulência como essa", afirmou.O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também participou da entrega dos prêmios, realizada na sede da Federação do Comércio do estado de São Paulo (Fecomércio).