Petistas questionam conceito de mensalão, mas pedem punição para esquema ilegal

22/08/2007 - 10h18

Iolando Lourenço e Aloisio Milani
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Durante a crisepolítica do primeiro mandato do governo Lula, váriospetistas questionaram a existência do conceito de mensalão,esquema denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson que consistiriano pagamento mensal de recursos fora da contabilidade do partido paracomprar votos de apoio aos assuntos de interesse do governo. Passadoscerca de dois anos das denúncias, ainda háquestionamentos por parlamentares e políticos sobre a tese domensalão, mas com o reconhecimento da existência de umesquema paralelo de arrecadação que envolveu membros dopartido.O deputado federalFernando Ferro (PT-PE), por exemplo, líder do partido apósa renúncia do então líder Paulo Rocha (PT-PA),que recebeu recursos para custear despesas de campanha, argumenta quenão ficou caracterizado a existência do mensalão,na forma de pagamento mensal para apoio político. Ferroassumiu a liderança no partido no auge da série dedenúncias que envolveram o partido e membros do governo.Segundo ele, nesse período, o “fogo queimou mais o partido” e foi necessário trabalhar para recompor a bancada."Nãohouve mensalão. Não está caracterizada a figurada contribuição mensal, mas sim um processo dearrecadação paralelo para as campanhas eleitorais, umaespécie de caixa 2, inclusive que foi conduzida por setores doPT sem o conhecimento do conjunto do partido”, disse. O deputadorelata que ele, como petista, nunca tinha ouvido falar do empresárioMarcos Valério e suas relações com a tesourariado partido, então exercida por Delúbio Soares.Outro petista, odeputado Paulo Rubem Santiago (PT), um dos coordenadores da FrenteParlamentar de Combate à Corrupção, cobra umapunição dos envolvidos no esquema de arrecadaçãoe distribuição de recursos a políticos. Segundoele, a “grande movimentação de recursos” nãopode ser necessariamente caracterizada como “mensalão”,contudo não se poderia negar a estrutura de captaçãode recursos similar ao caixa 2.“Ficou evidentequando o deputado Roberto Jefferson resolveu se defender apósas denúncias contra seu partido. Ele, que era bem próximoao governo, ao sentir seus interesses feridos, caiu atirando e deu anomenclatura a suas denúncia de mensalão. Estáprovado que havia uma estrutura de arrecadação fora dopartido. Houve uma grande quantidade de recursos, nãonecessariamente pode ser chamado de mensalão. As peçasda investigação precisam ser analisadas para julgaresse caso”, explica Santiago.O deputado petistaavalia que depende de uma investigação mais detalhadapara saber se os recursos eram públicos ou não, o queainda não ficou comprovado. O que se nota, segundo ele, éque as bancadas dos partidos da base aliada aumentavam sensivelmenteno período das denúncias. Santiago afirma que ojulgamento do caso na Justiça poderia iniciar a puniçãodo esquema, mas pede que o partido também puna os envolvidoscomo forma de salvar o “patrimônio ético” dalegenda.