Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu hoje (22) a acusação de que a 3ª Marcha das Margaridas teria sido bancada com recursos do governo federal. Lula disse que se o movimento tivesse sido organizado por mulheres de classe social mais alta, esse tipo de crítica não ocorreria. “Se fossem mulheres e homens de outros segmentos da sociedade, de maior posse, isso [marcha] seria visto como uma coisa normal. Afinal de contas, as pessoas podem pagar passagem para vir de avião e podem vir de carro”, afirmou o presidente, no encerramento da marcha, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. Segundo a Polícia Militar, a marcha, realizada na Esplanada dos Ministérios, reuniu mais de 30 mil pessoas.“Mas, quando milhares de mulheres de todos os estados deste país, a grande maioria absoluta trabalhadora rural - que sabe o que é cabo de uma enxada, que sabe o que é dividir o tempo para o trabalho e o tempo para cuidar da família - se dispõem a andar dias e dias de ônibus, passando privações, dormindo no chão, ainda vem alguém dizer: ‘essas mulheres foram pagas pelo governo’”, completou.Lula afirmou ainda que, “se tivesse dinheiro, não precisava ser dinheiro do governo, eu daria o dinheiro do meu bolso para trazer mais mulheres do que tem aqui”.A coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Carmem Foro, garantiu que o dinheiro para a marcha veio do esforço das trabalhadoras, que venderam bolos, camisetas, animais, chapéus para arrecadar os recursos. “Nós apoiamos o presidente Lula e não cansamos de lutar. Vamos continuar lutando, mas sabemos fazer diferença, sabemos fazer a luta com autonomia política”, afirmou Carmen.A assessoria da Contag informou que a marcha contou com patrocínio da Petrobras, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste e empresas públicas, porém o movimento sindical e as trabalhadoras arcaram com os principais gastos, como transporte das manifestantes. A assessoria não informou os valores.Ainda conforme a assessoria, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e as Secretarias Especial de Políticas para as Mulheres e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial apoiaram o evento, organizado pela Contag, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e federações de trabalhadores rurais, mas sem recursos financeiros.Na cerimônia de encerramento, o presidente Lula voltou a criticar as elites e reafirmou que prefere governar para os pobres. “Antes, era fácil ganhar eleições com o voto dos pobres e depois governar só para os ricos. Eu digo todo santo dia: sou presidente de 190 milhões de habitantes, mas não tenho dúvida de que a minha preferência é fazer política para a parte mais pobre da sociedade brasileira, que é quem precisa do Estado brasileiro”, enfatizou.