Estudo aponta que 38,4% do índios consomem álcool e 49,7% gostariam de parar

22/08/2007 - 19h50

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dos índios brasileiros, 38,4% consomem álcool e deste total, 49,7%gostariam de parar de beber, mas não conseguem – 46% chegaram a pedir ajuda, sem sucesso, à família, ao médico, à igreja ou a amigos. Os dados são de estudo da SecretariaNacional Anti-Drogas (Senad) e foram apresentados hoje (22),juntamente com o 1º Levantamento Nacional sobre os Padrões deÁlcool na População Brasileira.O consumo de álcoolé considerado “um grande problema” nas tribos indígenas,segundo a secretária adjunta da Secretaria Nacional anti-Drogas(Senad), Paulina Duarte. Foram pesquisadas 11 comunidades indígenas de sete diferentes etnias, com 1.455 entrevistados. Para que os índios não se sentissem intimidados, o estudo utilizou técnica de terapiaem grupo e foi acompanhado por um psiquiatra e um psicólogo.“A metodologia usada é uma abordagemgrupal, que tem muito a ver com a cultura indígena”, na avaliação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Paragarantir uma amostra nacional do problema, um geógrafo e trêsantropólogos também participaram da pesquisa, que faz parte doProjeto de Prevenção do Uso de Álcool entre asPopulações Indígenas, realizado pela Senad emparceria com a Fundação Nacional do Índio(Funai). O resultado ajudará a nortear as políticas públicas para esse segmento.Na comparaçãoentre gêneros, 50% dos homens indígenas consomem álcool,contra 21% das mulheres. A bebida mais consumida é a cerveja(67,6%), seguida da cachaça (41,9%) e do vinho (14,8%). O levantamento revela que os índios começam a beber aos 17 anos, enquanto para o restante dapopulação brasileira a idade inicial é de 13 anos, em média. "Apesar de começarem maistardiamente, o dado é preocupante porque é um consumo alto, umnível elevado de consumo regular”, observou o ministro daSaúde.Segundo PaulinaDuarte, agentes de saúde e lideranças nas comunidades indígenas deverão ser capacitadas, e estão previstas políticas específicas para o fortalecimento das redesde assistência existentes nas comunidades e municípiosvizinhos. Uma das constatações da pesquisa é que os índios consomem, em suas aldeias, bebidasalcoólicas compradas nas rodovias e nos centros urbanos de municípios vizinhos.