Felipe Linhares
Da Agência Brasil
Brasília - Depois de passar porBelo Horizonte e Rio de Janeiro, a Caravana em Defesa do Rio SãoFrancisco e contra a Transposição chegou a Brasília, onde pretende apresentar e discutir com os parlamentaresda Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputadosdados que, segundo membros do grupo, inviabilizam a obra de transposição.Deacordo com o coordenador do movimento, Apolo Heringer, o objetivo éabrir discussões e impedir que o governo federal comece asobras sem escutar as pessoas que tiram seu sustento das águas dorio. “O governo tem que fazer um plebiscito na Bacia do SãoFrancisco. Ele não pode iniciar as obras contrariando aopinião de quem será prejudicado”, afirmou Heringer.Orepresentante dos pescadores da Bacia do São Francisco,Antônio Gomes dos Santos, disse que não existe nenhumpescador da região que seja a favor da obra: “Não temnenhum que esteja pelo menos em dúvida. Precisamos de um rioforte e navegável. Os peixes vão sumir e nosso sustentotambém.”Apolo Heringer explicou que o projeto de transposição vairetirar 127 mil litros de água da Bacia do SãoFrancisco e, em um ano, o volume vai corresponder a mais que todo oconsumo atual da população da bacia do rio. “Seráo golpe final no Velho Chico, que já está moribundo.”Heringer informou que projetosmais baratos e eficazes, como o de reaproveitamento da água dachuva, vão ser apresentados pelo grupo em Brasília. Segundo ele, alémde danos ambientais, a obra trará problemaspolíticos, sociais e econômicos. “As empreiteiras nãotêm escrúpulos, querem é ganhar dinheiro. Vai ter muitacorrupção e desvio de dinheiro”, ressaltou.O coordenador da caravana apontou também entre os problemas da transposição o dinheiro que será gasto na obra. Em 2000, o governo previu, no Relatório de ImpactoAmbiental (Rima), gasto de R$ 2,7 bilhões. De acordo com Heringer, ovice-presidente da República estimou em R$ 20 bilhões - esse valor inclui despesas adicionais que serãoresponsabilidade dos governos estaduais (Ceará, Rio Grandedo Norte, Paraíba, Pernambuco) para levar água àpopulação que vive nas laterais de onde ficarãoos canais.Entre os 14 membros da caravana, estão professores, pescadores eindígenas. Ainda hoje (22), o grupo será recebido naConferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB) e também pelo vice-presidente José Alencar. A mobilização começou no dia 19 deste mês e se estenderá até 1ºde setembro. São Paulo, Natal e Fortaleza serão aspróximas capitais visitadas.